Durante a apresentação oficial da candidatura, nesta terça-feira, a socialista foi hábil nos recados que enviou a Nóvoa: disse que não nasceu hoje para a política e que o Presidente da República deve ter uma “visão equilibrada” dos seus poderes – um perfil por oposição às duas das maiores críticas que são feitas ao ex-reitor da Universidade de Lisboa, a falta de currículo político e querer ter um ‘programa de governo’.
Belém puxou ao centro: destacou o lado social, ao colocar como prioridade o combate às desigualdades sociais e apelou à Igreja, citando o Papa.
“Tem autoridade política e cívica e excelentes condições para unir os portugueses”, diz ao SOL Jorge Coelho, um dos elementos mais influentes da candidatura. Maria de Belém Roseira terá apoios “em vários quadrantes da sociedade civil e no espetro político”, segundo fonte da candidatura. Na sala Sophia de Mello Breyner, no Centro Cultural de Belém, a ala segurista esteve em peso – só faltou mesmo o próprio António José Seguro, que nesse dia até esteve em Lisboa.
Mas houve outras sensibilidades socialistas que compareceram: a ala socrática com José Lello, Fernando Serrasqueiro e Vitalino Canas e também Marcos Perestrello, próximo de António Costa. O presidente honorário do partido, Almeida Santos, os históricos Manuel Alegre e Vera Jardim, e Jorge Coelho deram peso à candidatura.
O objetivo de Belém ficou estabelecido: não há “coroações” para a Presidência e espera o apoio de toda a esquerda na segunda volta. Nos bastidores da candidatura conta-se com a campanha para fazer frente ao candidato mais popular, Marcelo Rebelo de Sousa. “Falta haver campanha eleitoral”, lembra Coelho. Um outro socialista aguarda pelas fragilidades: “A notoriedade do professor Marcelo está no topo, agora é sempre a descer”.
Uma desistência do PCP beneficiaria Nóvoa, mais à esquerda no espetro político. “Esta candidatura está vinculada inabalavelmente ao projeto de Abril”, disse Edgar Silva, ontem, durante a apresentação da sua candidatura.