"O pouco que se vai sabendo é pelo BE e pelo PCP e o PS fica para trás — parece que quem lidera, afinal, são os outros, menos o PS", disse Mendes, referindo-se às entrevistas dadas nos últimos dias por Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. "Percebe-se que o BE estã muito feliz com o acordo e o PCP infelicíssimo, ou seja, contrariado. Jerónimo de Sousa quer derrubar este Governo e colocar lá o PS, mas não quer comprometer-se com nada. Quer pôr o pézinho só no início e depois tirar o corpinho todo de fora".
Isto é assim, explicou, porque os interesses dos três partidos são muito diferentes. António Costa quer ser primeiro-ministro, "senão vai à vida como líder do PS". Catarina Martins quer ter influência nas políticas e colocar pessoas no aparelho do Estado "e está a fazer um aggiornamento como o Sirysa". Já o PCP "só tem dois interesses, que são aliás os da CGTP: fazer voltar atrás as revisões da contratação coletiva e as concessões a privados das empresas de transportes (a Carris, o Metro e os STCP), senão nunca mais faz uma greve geral".
No meio disto, percebe-se que "entre o BE e o PS está tudo quase fechado", de tal maneira que Catarina Martins "deu uma série de recados a Jerónimo" — nomeadamente, quando disse que "o que se assina é para ficar escrito" (e o líder do PCP defendeu que não é obrigatório) e que será difícil aumentar já o salário mínimo para 600 euros ("disse que isso será para quatro anos, até parecia uma social-democrata a falar…"). "Então, como é que o governo vai governar se um dos lados, o PCP, não está de acordo? Se as coisas não estão bem definidas, então Costa tem um problema sério", rematou.
Para Mendes, será curioso ver como será este acordo à esquerda, sendo que todas as condições de que se ouve falar são todas do lado da despesa, não se percebe como irão cumprir o tratatado orçamental.
Assis é como Durão Barroso: 'Será líder, só não sabe quando'
Para Marques Mendes, Francisco Assis assumiu definitivamente "a liderança de uma oposição interna no PS, que defende de uma forma coerente que o partido deve virar-se politicamente para o eleitorado do centro. E recorrendo a uma frase de Durão Barroso que ficou célebre, vaticinou: "A prazo, Assis será líder do PS, só não sabe é quando. Tudo depende de como isto correr a António Costa".
'PSD e CDS andam a apanhar bonés desde dia 4'