Para o ex-líder do PSD, Passos Coelho e Paulo Portas devem começar já a pensar se vão estar na oposição articulados — sendo que na sua opinião é isto que faz sentido –, quem indicarão para o Conselho de Estado ("além de Passos, Portas também deve lá estar") e como votarão as leis que vierem do Governo de António Costa ("se acham que o Governo é politicamente ilegítimo, devem avisar desde logo que irão votar contra").
"Os dois partidos andam zangados com a conjuntura política e um bocadinho a ver passar os comboios, mas a política não se faz de estados de alma. Eles têm que decidir já estes aspetos. Não podem persistir no erro que têm cometido nos últimos tempos que é o de subestimarem Antonio Costa. Se não preparam bem a oposição, então aquilo não vai ser um passeio, vai ser um pesadelo", avisou. Sobre o elenco governativo que tomou posse na última sexta-feira, Mendes "esperava mais": "Não é um deslumbre, mas também não envergonha, é mais uma remodelação alargada. Também seria sempre difícil fazer um governo que se sabe vai durar quatro semanas. Mas consegue ter pessoas que decidiram dar o seu contributo cívico", disse, apontando nomes como Rui Medeiros, João Taborda da Gama e Eurico Castro Alves".
Sem acordo escrito, Cavaco não dará posse a Costa
Sobre o discurso de Cavaco Silva durante a tomada de posse do Governo liderado por Passos, Mendes considera que "foi mais um passo no sentido do que já referira há uma semana: se PS, BE e PCP lhe apresentarem um acordo, assinado, ele dar-lhe-á posse". Mas tem que cumprir o conjunto de compromissos que o Presidente apontou, sobretudo o do tratado orçamental. Para o conselheiro de Estado, Cavaco Silva "colocou assim pressão sobre António Costa". "Sem um acordo escrito, ele não dá posse a um governo de esquerda".