Assis: ‘Não vou alimentar qualquer guerrilha’

Francisco Assis assume a “divergência” com António Costa mas garante que não vai “alimentar qualquer guerrilha com quem legitimamente dirige o PS”. 

Apesar da posição divergente “frontalmente” assumida, Assis mete água na fervura. Depois de o partido se pronunciar – amanhã e domingo na Comissão Nacional e na Comissão Política -, Assis sublinha que “as decisões serão respeitadas”. “Os que acreditam vão participar no processo, os outros têm o dever de não instabilizar a solução”, afirmou.

Travões a uma eventual disputa à liderança no PS? Para já, Assis insta todos os socialistas a marcar posição: “Este momento exige que todos exprimam os seus pontos de vista. A política não é uma gestão mais ou menos sinuosa, não é uma carreira. É lutar por causas”.

À entrada para a sessão com militantes socialistas críticos da estratégia de aproximação a PCP e BE, na Mealhada, eurodeputado diz que é tempo de “cada um assumir responsabilidades”, sublinhando que faz “as coisas às claras”.

Crítico da convergência com PCP e BE, Assis frisa que os três partidos têm “divergências profundas” e portanto o acordo “será sempre periclitante e terá um efeito negativo na capacidade de ação do governo”, repetindo que essa é uma “linha distante” da sua.

Sobre o facto de António Costa ter marcado a reunião da Comissão Nacional para sábado, data para a qual estava marcado o almoço dos críticos que teve de ser antecipado, Assis apenas disse que “os calendários são muito curtos” e portanto que é “natural” que as iniciativas se sobreponham.

Assis encheu 120 lugares do auditório e houve quem ficasse de pé. Mas acabou por ficar aquém dos 400 inscritos, segundo a organização, para o almoço de amanhã. Ainda assim, o restaurante Três Pinheiros, na Mealhada, não estava à espera desta afluência. Às 20h30 já não havia leitão – é que tinha sido só marcada uma mesa para 16 pessoas.

Entre os socialistas que marcaram presença estiveram muitos homens que apoiaram António José Seguro. Álvaro Beleza, que se assumiu como rosto da oposição interna após as primárias, o deputado Eurico Brilhante Dias, o ex-líder da UGT João Proença, os ex-deputados Mota Andrade, José Junqueiro e Rui Paulo Figueiredo que ficaram de fora das últimas listas do PS às legislativas. E também outros ex-deputados como Ricardo Gonçalves, António Galamba, Vitor Baptista, Afonso Candal e Sónia Sanfona. ​A jantar, numa mesa longe de Francisco Assis, esteve Narciso Miranda, o ex-presidente da Câmara de Matosinhos, que foi expulso do PS e mas esteve presente na sessão, que decorreu à porta fechada para os jornalistas. 

sonia.cerdeira@sol.pt