Marcelo é diferente: o candidato de todo o espaço político moderado

1.Marcelo Rebelo de Sousa é um candidato muito forte – não apenas, nem tão pouco principalmente, para ganhar as eleições, mas para Portugal ter, finalmente, um Presidente da República em quem todos os portugueses possam confiar. Confiar e admirar. Esta é a primeira premissa da qual todas as análises sobre as eleições presidenciais têm de…

2.A este propósito, sobre as virtualidades e a estratégia de Marcelo Rebelo de Sousa, nos últimos dias, tem feito doutrina a seguinte tese: Marcelo Rebelo de Sousa tem recusado colar-se à direita, apoiando um seu Governo minoritário; o PS e a extrema-esquerda jamais apoiarão Marcelo; a direita, devido àquele primeiro argumento, está a ficar zangada com Marcelo – logo, conclui-se que a estratégia de Marcelo (de querer ser o Presidente de coesão e de estabilidade, recusando-se qualquer papel de líder de facção) é uma estratégia muito perigosa. Primeiro, porque não convence esquerda, nem direita, não atraindo eventualmente ninguém; segundo, porque abre espaço a um candidato de direita que queira ser “líder de facção”.

3.Pois bem, o que dizer desta doutrina? É uma doutrina fascinante do ponto de vista teórico, da mera especulação política – mas sem qualquer aderência à realidade. À prática política – e ao sentimento geral quer dos portugueses eleitores, cidadãos mais ou menos desligados da política activa, quer dos dirigentes e militantes partidários das formações políticas de centro-direita e de centro-esquerda. Vamos por partes.

4.Em primeiro lugar, as eleições presidenciais do próximo mês de Janeiro realizar-se-ão na sequência de acontecimentos políticos absolutamente inéditos na história da democracia portuguesa. Provavelmente, teremos, nessa altura, um Governo frentista de esquerda, unindo a extrema-esquerda e o extremo-PS liderado por António Costa. Significa isto que, pela primeira vez, o PS abandona o seu posicionamento político no centro-esquerda: como o menino querido de António Costa, Pedro Nuno Santos, referiu o acordo com PCP E BE tem o mérito (?) de encostar o PS à esquerda. O que terá um reflexo inegável e inevitável na abordagem do PS às presidenciais: o PS terá de apoiar alguém que se reveja no seu novo posicionamento político. Concretizemos: o PS, disfarçadamente oficial e oficiosamente, tem de apoiar um extremista – tem de apoiar Sampaio da Nóvoa.

5.E o centro-esquerda? O centro-esquerda confronta-se perante um dilema: ou vota Maria de Belém ; ou vota Marcelo Rebelo de Sousa. O problema é que votar em Maria de Belém é, ainda, dar peso a António Costa – o líder do PS, com a falta de descaramento que tem, iria capitalizar para si a vitória da candidata que tentou aniquilar à partida. Ou seja: votar em Maria de Belém seria conseguir aquilo que o PS moderado quer evitar – caucionar o acordo celebrado com a extrema-esquerda, reforçando o poder interno de António Costa – e afirmando (por muito tempo) o extremo-PS e matando o PS moderado. Esta opção é, destarte, para o PS moderado, impensável. Até porque Maria de Belém não tem experiência política para os equilíbrios políticos que terão de ser feitos – nem tão pouco para se impor ao animal político descarado que é António Costa. Votar em Maria de Belém é, enfim, dar força à extrema-esquerda e ao extremo-PS.

6.E nem falemos de Sampaio da Nóvoa: este é um ex-comunista rendido ao comunismo, ou seja, passados uns quantos anos de vida, Sampaio da Nóvoa arrependeu-se de abandonar o PCP – e, no fundo, quer voltar à sua casa. Há uns anos, Sampaio da Nóvoa achava que o PCP era um partido demasiado rígido, onde a democracia não era levada a sério – hoje, Nóvoa já acha que o PCP é um exemplo de democracia! Mudam-se as necessidades, mudam-se as opiniões…É um extremista: logo, só pode agradar ao extremo-PS de António Costa.

7.Donde, pela primeira vez, as presidenciais não serão travadas entre dois blocos, representados por candidatos de centro-esquerda e de centro-direita – mas sim por um candidato de extrema-esquerda (Sampaio da Nóvoa) e um candidato de todo o espaço político moderado (Marcelo Rebelo de Sousa). O centro, pela primeira vez, na história das eleições presidenciais em Portugal, estará unido em torno do mesmo candidato.

8.As considerações sobre os riscos do não posicionamento político e a indiferença política são correctas – só que não se aplicam a Marcelo. Aplicam-se, isso sim, a Maria de Belém: Belém é uma candidata, nesta nova conjuntura, sem espaço político – não tem a esquerda, não tem o centro, e não quer a direita mais conservadora. Não poderá sequer apelar ao voto útil: o voto útil irá para Marcelo. Precisamente, porque todo o centro – espaço da moderação política – irá votar Marcelo para enfraquecer e derrotar a extrema-esquerda e o extremo-PS de António Costa, como Luís Amado já deu entender na entrevista à RTP. O centro-esquerda não esquecerá o PRECC (Processo de Reposicionamento à Esquerda Contra o Camarada Mário Soares, e seu legado histórico) executado por Costa.

9.Entre centro-esquerda e centro-direita há, como já concluímos, uma convergência de interesses nestas presidenciais: para uns e para outros, é decisiva a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa.

10.Adicionalmente, no centro-direita (PSD e CDS) , todos – vá, tirando, Pacheco Pereira, mas esse é um comunista pintado de laranjinha por razões que adivinhamos – estão muito satisfeitos pela candidatura protagonizada por Marcelo. Ao contrário do que as cabeças (ditas) brilhantes da esquerda pensam, a Direita não é estúpida – é muito sensata. A direita sabe que ou é Marcelo – ou é o caos, ou seja, comunistas no poder por muito e muito tempo. E só Marcelo poderá levar as forças políticas moderadas (PSD, CDS e PS não-Costista) à vitória.

11.Por outro lado, o único candidato que poderia surgir na direita seria Ribeiro e Castro – que com as suas críticas a Marcelo e a Portas tem personificado, nos últimos dias, apesar da muita estima pessoal e amizade que temos pelo centrista, a aselhice política em estado puro. Ora, Ribeiro e Castro, se fosse a votos, teria 0, 09% do eleitorado! E tiraria os seus (parcos) votos a Maria de Belém: a direita ultra-conservadora está com Maria de Belém. E a socialista sabe-o, apesar de o negar.

12.Por todas estas razões, Marcelo não é o indiferente: Marcelo é o diferente. Diferente, porque é o único que se mostra solidário com os sacrifícios dos portugueses, renunciando às mordomias do cargo e mostrando uma ética republicana como há muito não se via. Diferente, porque, em vez de se entregar a jogos partidários e à intriga política, Marcelo já fala como Presidente da República: unindo e não dividindo os portugueses. Porque Marcelo não se assume como da direita, ou da esquerda, de cima ou de baixo – Marcelo é um patriota. E é precisamente de um patriota e de um estadista que precisamos na Presidência da República.

13.Marcelo não é indiferente – Marcelo é diferente. Marcelo não é o candidato da indiferença – Marcelo será o Presidente da República da diferença. A pensar em Portugal e nos portugueses, não como abstracção, mas como pessoas concretas, com problemas concretos e reais. Os comentadores (alguns) duvidam, mas os portugueses têm a certeza: Marcelo é diferente; Marcelo é confiável. A sua única facção chama-se Portugal. 

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