Ora, se juntarmos estes 1.500 milhões de euros aos 4.900 milhões com que o banco foi capitalizado pelo fundo de resolução, chegamos a 6.400 milhões, ou 3,6% do PIB. Se não fosse esta despesa adicional, as nossas contas públicas estariam equilibradas. Incrível, mas verdadeiro.
O Novo Banco nunca será vendido por este valor, mas por muito menos. E, quem pagará a diferença: claro, nós.
Continuo a pensar que esta solução seria melhor do que deixar o antigo BES ir à falência. Os resultados da falência do antigo BES seriam importantes e vastos na economia (assim também são, mas são menos bruscas). Escandaliza-me que o antigo CEO do banco esteja em prisão domiciliária, e não numa cela de prisão, a aguardar julgamento. Esse homem fez muito mal a muita gente.
Números do PIB
O PIB (total da produção do país) cresceu 1,4% no terceiro trimestre comparando com o mesmo trimestre do ano anterior. Mas, comparando com o 2º trimestre deste ano, a evolução foi de 0%. E ainda tivemos a queda dos preços do petróleo a ajudar, porque se o petróleo não tivesse descido tanto como está a descer, a comparação do PIB com o do trimestre imediatamente anterior teria sido negativa.
A economia não consegue descolar. O que só faz pensar que, apesar dos sacrifícios nos últimos anos, a estrutura da economia não mudou: produzimos polos e sapatos, e não peças de Airbus, que por terem maior valor acrescentado levariam a uma maior riqueza nacional.
Ao menos uma coisa é certa: o dinheiro do corrente programa de ajuda da economia europeia, o horizonte 20-20, não vai ser gasto em auto-estradas, TGV´s e aeroportos. Se for gasto em projectos de empresas de alta tecnologia, melhor será.
Privatização da TAP
Após uma história que parecia um daqueles romances policiais em que temos de esperar até ao último minuto para saber quem é o culpado, 62% da TAP foram vendidos a privados ontem à noite.
Um futuro governo PS não deve reverter esta privatização, porque não tem dinheiro para indemnizar os atuais compradores. Além disso, a privatização deverá ser boa para a companhia: trará dinheiro para pagar as despesas de tesouraria e para comprar novos aviões, e abrir novas rotas, sobretudo para a América do Norte.
E é aqui que eu acho que está o ponto fraco da estratégia anunciada para a companhia: a ausência de voos para a Ásia. Lisboa deve ser das poucas capitais europeias que não tem voos diretos para a China, e seria bom que o consórcio vencedor da privatização criasse pelo menos um voo semanal entre Lisboa e Pequim ou Xangai.
De certeza que os aviões iriam lotados: é que, depois dos Estados Unidos, a China já é a segunda maior economia mundial, se medirmos o tamanho da economia em paridades de poder de compra, que procuram medir os preços de todos os países em preços comuns. É como se um hambúrguer Big Mac custasse o mesmo em Lisboa e em Nova Iorque: ingredientes comuns, preços diferentes. Esta correção, logicamente, apesar de artificial, beneficia os países onde os preços são mais baixos, que são geralmente os menos desenvolvidos economicamente.