Relatos do que se passou no Bataclan

Nos jornais franceses começam a aparecer os relatos de quem estava dentro da famosa sala de concertos Bataclan.

“Foi o caos” conta um jovem ao Le Figaro. Recorda que os Eagles of Death Metal estavam a acabar uma música quando se ouviu uma explosão, como se fossem petardos.

“Um tipo com uma arma automática atira para o ar e todos se deitam no chão”. A partir daí, “a cada rajada” de tiros tentavam rastejar para o mais longe possível dos atiradores – “é impossível dizer quantos eram, tudo se passou depressa demais”, diz.

Este espetador tentou subir ao palco para chegar a uma saída de emergência. Outros tiveram a mesma ideia e as “pessoas atropelavam-se para sobreviverem”.

Conseguiu fugir, e chegou a casa. “Estou em casa, estou bem. Outros não podem dizer o mesmo. Não tive medo, não estou (ainda) em choque. Escrevo para não esquecer”.

Informação confirmada por outra testemunha que estava no Bataclan, Fahmi B., 23 anos, de nacionalidade turca.

Contou ao Libération: "De repente ouvi uns barulhos diferentes, como se fossem petardos. Por momentos pensei que fossem parte do espetáculo, depois voltei-me para trás e vi uma pessoa atrás de mim que tinha levado um tiro no olho. Segurava a cabeça e caiu ao chão".

A seguir "toda a gente se atirou ao chão" e os "disparos atingiam as pessoas ao acaso, toda a gente tentava fazer-se de morto mas isso não fazia qualquer diferença para os atiradores".

Fahmi estava deitado, "em posição fetal", com os pés presos por "baixo do corpo de alguém". "Consegui descalçar os sapatos e corri para trás do palco, onde havia uma porta de emergência. Estavam lá outras pessoas feridas”

No Le Monde, outro relato. Thomas, de 27 anos, recorda que o concerto já levava meia hora ou um pouco mais quando tudo aconteceu. Viu duas pessoas, “pelo menos uma delas tinha uma kalashnikov”.

Para sobreviver, “o objetivo era esperar e fazer-se de morto”, lembra, corroborando o relato de Fahmi, e diz que pôs a sua cabeça por baixo da perna de uma pessoa e a cara da sua amiga por baixo do seu braço. A sala estava às escuras, “e sempre que alguém se mexia ouviam-se tiros”. De repente, acenderam-se as luzes.

Foi só quando deixaram de ouvir tiros e viu as pessoas a começarem a levantar-se e sair, que se dirigiram para a porta, entre “poças de sangue”. Também estão ilesos.

Vídeo capta vítimas a fugirem do Bataclan durante o ataque

teresa.oliveira@sol.pt