«Desde já – e mais ainda quando a pressão europeia, patronal e mediática se acentuar –, uma maioria para a recuperação dos rendimentos depende da mobilização. É indispensável um novo protagonismo popular, que exija a aplicação do que foi assinado e imponha novos avanços» – escreveu o dirigente do BE, Jorge Costa, no site oficial do partido, um dia após a queda do Governo de Passos.
O deputado refere que, quando o «garrote de Bruxelas» apertar, haverá dois caminhos: ou o novo Governo impõe novos cortes e impostos, num regresso à «normalidade» de Passos, ou o PS respeita os compromissos. Nessa altura, terá que haver «decisões fortes sobre a dívida portuguesa» – avisa, numa alusão à reestruturação da dívida que o PS_não aceita. «Essa será a nova fase desta marcha de um milhão que deve ampliar-se», defende.
Já José Gusmão, dirigente do BE e assessor do partido em Bruxelas, acredita que «este Governo está a gerar muita esperança». «É importante que isso se faça mostrar e as pessoas se manifestem para que a direita deixe de colocar em causa a legitimidade política», diz ao SOL.
A CGTP já deu o pontapé de saída para esta nova fase da vida política. Na terça-feira, em frente ao Parlamento, festejou a queda do Governo Passos/Portas, às mãos da esquerda. E promete mais demonstrações de força na rua se for necessário, independentemente das iniciativas do BE.
CGTP pode ‘dar ajuda’ a desbloquear Cavaco
«Decidiremos autonomamente e quando chegar o momento», explica ao SOL Arménio Carlos. Se Cavaco Silva arrastar o impasse político ou decidir manter Passos Coelho em funções, a CGTP deverá reagir. «Se for necessário manifestarmo-nos para desbloquear o próximo governo, estaremos lá», garante o líder da maior central sindical portuguesa.
À direita, há a vontade de ir para a rua. Mas a intenção dos militantes de base não tem, por agora, o apoio formal das lideranças de PSD e CDS. Apesar de estar em aberto o recurso a manifestações contra um Governo de António Costa que sociais-democratas e centristas consideram politicamente ilegítimo.
«Está tudo em aberto. Vamos ver como correm as coisas», diz ao SOL um vice-presidente do PSD, que considera mais prudente esperar pela decisão do Presidente da República antes de avançar com protestos de rua.
manuel.a.magalhaes@sol.pt *com Margarida Davim e Sónia Cerdeira