Com 48 anos, o economista nascido em Olhão é um dos mais conceituados economistas portugueses a nível internacional. Foi um dos primeiros estudantes portugueses a ingressar em Harvard, a prestigiada universidade norte-americana, onde se doutorou. Fez depois carreira no Banco de Portugal (BdP) e, além de dar aulas no ISEG, tem múltiplos estudos publicados na área do mercado de trabalho e da segurança social.
No banco central, esteve na direcção do Departamento de Estudos Económicos entre 2004 e 2013, mas nos últimos tempos desse cargo houve ecos de que as relações com o Conselho de Administração liderado pelo governador Carlos Costa não eram fáceis.
Centeno era crítico da forma como a troika e o ministro Vítor Gaspar – também ele com carreira no BdP – levaram a cabo o programa de ajustamento do país desde 2011. Essa visão terá causado atritos com a hierarquia. A TSF chegou a noticiar que o nome de Centeno teria sido vetado para ocupar o cargo de economista-chefe do BdP, devido às intervenções públicas do economista.
A partir de 2014 passou a ocupar apenas um lugar de consultor do BdP, deixando o departamento de estudos económicos, e desde então a intervenção política intensificou-se. No final desse ano foi convidado por António Costa para coordenar o grupo de economistas que desenhou o cenário macroeconómico do partido, com vista a preparar as eleições legislativas.
O intermediário da relação com os socialistas foi Fernando Medina, o presidente da Câmara de Lisboa. Em 2007, Medina era secretário de Estado com a pasta do emprego e Centeno participou como especialista na comissão do Livro Branco das Relações Laborais. A relação manteve-se desde então.
Embora seja rotulado muitas vezes como liberal, devido a algumas propostas no mercado laboral como o contrato único de trabalho, por exemplo, Centeno manifesta-se contrário a políticas económicas baseadas no corte dos rendimentos.