O cientista que vai liderar a pasta da Educação

Saltou para as páginas dos jornais e para as televisões em dezembro de 2013, quando publicou um artigo científico na revista Nature Medicine onde descrevia uma promissora técnica de ressonância magnética capaz de detetar tumores em fase precoce e com enorme precisão. Tiago Brandão Rodrigues era investigador no Cancer Reserch, na Universidade de Cambridge, e…

O cientista que vai liderar a pasta da Educação

Saltou para as páginas dos jornais e para as televisões em dezembro de 2013, quando publicou um artigo científico na revista Nature Medicine onde descrevia uma promissora técnica de ressonância magnética capaz de detetar tumores em fase precoce e com enorme precisão.

Tiago Brandão Rodrigues era investigador no Cancer Reserch, na Universidade de Cambridge, e praticamente um desconhecido em Portugal. O português que saiu cedo de Portugal para estudar e há dois anos dava cartas lá fora, foi agora chamado por António Costa para ministro da Educação. Um independente com 38 anos. E um dos ministros mais jovens de sempre.

Foi o mesmo António Costa que numa ida a Paredes de Coura, de onde o atual ministro é natural, o desafiou a deixar a Universidade de Cambridge para encabeçar a lista de Viana do Castelo às eleições legislativas. Foi há um ano, quando Costa fazia um périplo pelo país na preparação das primárias no PS e se cruzou com Tiago Brandão Rodrigues numa conferência chamada COURAge to think. Foi uma conversa “franca, amável, próxima, em certos aspetos dura”, como o próprio descreveu há meses numa entrevista ao jornal I. E da qual saiu uma proposta concreta que o investigador diz ter desenquadrado o seu “trilho natural”. Por dever de cidadania aceitou, consciente de que o sim dado a Costa na altura podia passar por um lugar no Parlamento, mas também por algo mais.

O independente que agora integra o Executivo define-se como um homem de esquerda e diz não ter medo do embate político e partidário. Terá em mãos a liderança de um dos ministérios mais pesados e burocráticos, agora aligeirado com a saída da pasta do Ensino Superior e da Ciência para outro ministério. Trabalhará com uma classe profissional desmotivada e desgastada pelo poder político, e sentar-se-á à mesa com um movimento sindical forte, combativo, capaz de por na rua milhares de professores a clamar contra o Governo.

O atual ministro da Educação é doutorado em Bioquímica pela Universidade de Coimbra, tendo estudado e trabalhado em Madrid, Estados Unidos e Inglaterra. Mas afirma que é em Portugal, mais concretamente na terra que o viu nascer, que se reconhece como pessoa. “E percebo porque sou como sou”. 

rita.carvalho@sol.pt