Alguns dos professores de Direito acham a utilização do espaço abusiva, mas o diretor da Faculdade, que autorizou a cedência, garante que não há nada de anormal na situação.
"A noite eleitoral é dentro da Faculdade, mas a polémica é fora", comenta Romano Martinez, que entende que a polémica gerada "decorrerá situações no âmbito da campanha eleitoral ".
Romano Martinez explica que a Faculdade de Direito cedeu o seu átrio e uma das salas da entrada "a título oneroso " e "pelo valor que está previsto no regulamento " da instituição.
Centenário de Cunhal e Aministia Internacional já usaram o mesmo espaço
"Se fosse o lançamento de uma empresa de livros, por exemplo, também fazíamos. Não que esteja a comparar uma candidatura presidencial com uma empresa", comenta, sublinhando que o tratamento dado a Marcelo é o mesmo que seria dado a qualquer outra pessoa ou entidade que requeresse a utilização do espaço na Faculdade.
O diretor da Faculdade de Direito assegura mesmo que têm sido "variadíssimas as vezes" que estes espaços têm sido usados a título gratuito e "não muitas vezes" em troco de um pagamento, como será o caso.
Para o ilustrar, Martinez cita de memória os casos da Aministia Internacional, uma ONG que usou uma pequena parte do átrio de forma gratuita, ou a Caixa Geral de Depósitos, que no início do ano letivo costuma ter uma pequena banca para angariar clientes entre os alunos de Direito.
De atividades políticas, Romano Martinez recorda apenas o uso do espaço para uma sessão de celebração do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal. "O átrio ficou ocupado durante um semana", recorda, ressalvando que dessa vez a ocupação foi feita também gratuitamente.
Entrevista à SIC também deu polémica
Não é, contudo, a primeira vez nesta campanha eleitoral para as presidenciais que causa polémica a forma como Rebelo de Sousa usa a Faculdade de Direito, onde é professor.
O facto de ter dado uma entrevista à SIC usando como cenário um gabinete da Faculdade de Direito foi alvo de muitas críticas.
Mas também aí, Romano Martinez assegura não ter havido qualquer privilégio especialmente concedido a Rebelo de Sousa.
"Deu uma entrevista num gabinete, como já têm dado e dão muitas vezes os professores da Faculdade, seja sobre temas políticos ou outros", justifica o diretor da Faculdade.
O reitor da Universidade de Lisboa, António Cruz Serra, é que não se pronuncia sobre a polémica. "As Faculdades têm autonomia administrativa e financeira ", explica, frisando que a decisão sobre a utilização dos espaços das várias escolas não passa nunca pela reitoria.