O PRESIDENTE do Real Madrid, Florentino Pérez, acaba de proibir Cristiano Ronaldo de viajar constantemente para Marrocos, ao encontro do seu amigo Badr Hari, um kickboxer marroquino.
Ainda por cima, Badr não vive perto da costa, em Rabat, Tanger ou Casablanca – vive na longínqua Marraquexe, que implica uma hora e tal de viagem aérea. Ronaldo terá mesmo comprado um avião particular para não estar dependente de terceiros e poder ir ao encontro do amigo sempre que lhe apetecer e às horas a que lhe apetecer.
ALEGA o presidente do Real Madrid que as constantes viagens têm vindo a afetar o rendimento futebolístico do jogador, ao qual paga dois milhões de euros por mês. E é muito provável que tenha razão. Não só por razões físicas mas também por razões psicológicas – pois estas deslocações a toda a hora mostram que Ronaldo tem a cabeça noutro lado. Pior do que isso: mostram que é muito dependente do amigo e que o amigo tem algum ascendente sobre ele. De facto, dada a dimensão planetária de Cristiano Ronaldo e as suas obrigações profissionais, o que seria natural era o amigo deslocar-se a Madrid ao seu encontro e não o contrário. O desassossego de Ronaldo revela um provável desequilíbrio emocional.
É CURIOSO pensar que, quando os media diziam que Ronaldo namorava com a modelo russa Irina Shayk, nunca se viu da parte dele tamanho entusiasmo. Não comprou um avião para a visitar nem lhe aparecia de surpresa. O que me levou a pensar – e a escrever – que se tratava de um namoro de conveniência, como aquele que existiu durante anos entre o mágico David Copperfield e a modelo alemã Claudia Schiffer.
O ‘namoro’ de Ronaldo interessava a ambos, mas sobretudo a ela, que à boleia dessa relação se tornou mundialmente conhecida. Agora tudo é diferente. Percebe-se que a amizade que Ronaldo tem por Badr Hari é intensa e genuína. E o assunto só diria respeito aos dois se não se desse o caso de o homem ter má fama. E ao que parece, já ter cadastro na Polícia por mau comportamento. Aí, o caso fia mais fino.
Além do seu enorme talento, Ronaldo era um futebolista muito trabalhador, disciplinado e concentrado na profissão. Alex Ferguson, que o treinou no Manchester United, dizia que ele ficava a treinar sozinho depois de acabar o treino. Buscava constantemente a perfeição através do trabalho. Claro que não foi isso que fez dele uma estrela. Eu podia treinar 24 horas por dia que nunca chegaria a lado nenhum. Mas o contrário também é verdade: há grandes talentos que nunca atingem o topo por falta de cabeça e de disciplina. Ora Ronaldo tinha ambas as coisas: além de ser um predestinado, treinava no duro. E potenciava o seu talento ao máximo.
MAS A PARTIR de agora tudo pode mudar. Ou antes: já está a mudar. Ronaldo parece mais motivado para se divertir do que para treinar. Até porque essas deslocações a Marrocos incluem outros ingredientes, tais como idas noturnas a discotecas até às tantas da manhã. E isso estimula as más companhias.
Ronaldo arrisca-se a ficar rodeado de indivíduos duvidosos. Como tem muito dinheiro para gastar, não lhe faltarão pretensos amigos a querer explorá-lo. Até há pouco, Ronaldo soubera resistir a tudo. Mas agora pode achar que já se sacrificou o que tinha de se sacrificar e que chegou o momento de desfrutar da vida. Que já trabalhou muito e está na hora de começar a retirar prazer do dinheiro que amealhou. E isso pode apressar irremediavelmente o seu declínio.
CRISTIANO RONALDO está numa fase crítica da sua carreira e também da vida. Caso se deixe cercar por gente sem escrúpulos, caso permita que as más influências se exerçam sobre ele, corre o risco de entrar numa espiral descendente.
Tudo aquilo que conseguiu à custa de muito talento e de muito trabalho pode ser deitado a perder por parasitas sem talento nem escrúpulos. Para já, é triste ver Ronaldo na companhia de gente com má fama. Mas seria verdadeiramente lamentável assistir a um fim de carreira penoso por via dessas relações.
O presidente do Real Madrid quer ainda salvá-lo para o futebol. À família e aos verdadeiros amigos caberá a tarefa de o salvar para a vida.