“Vão ser feitos contactos, diligências diversas, juntos desses parceiros no âmbito do Partido Popular Europeu, sobretudo aqueles que são poder, que estão no governo, para tentar conseguir os apoios desses países”, diz ao SOL o coordenador do PSD na comissão de Negócios Estrangeiros e ex-secretário de Estado das Comunidades, José Cesário.
O ex-governante está convicto de que, apesar das dificuldades inerentes a esta eleição, António Guterres tem “hipóteses” de chegar a secretário-geral das Nações Unidas. “Haverá alguma inclinação no sentido de ser alguém do leste da Europa e uma mulher, mas caso não haja um entendimento ele pode surgir como uma alternativa interessante”, diz. O ex-primeiro-ministro socialista, que na semana passada foi a vedeta das jornadas parlamentares do PSD e ouviu Passos garantir-lhe que contará com o “apoio entusiástico” dos sociais-democratas, disse que não se atreve a “pedir mais” ao principal partido da oposição. E agradeceu o apoio “preciosíssimo”.
Consenso nacional
A primeira missão está cumprida. Guterres conseguiu reunir o consenso nacional à volta da sua candidatura. O Presidente Cavaco Silva, o Presidente da Assembleia da República Ferro Rodrigues, o Governo, que deverá oficializar a candidatura nas próximas semanas, e todos os partidos políticos já declararam apoio a António Guterres. O novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também já prometeu trabalhar em conjunto com o governo, porque estamos perante “um candidato fortíssimo às Nações Unidas que tem hipóteses de vitória”.
As maiores dificuldades de Guterres prendem-se com os critérios da organização que apontam para que o próximo secretário-geral seja do leste da Europa e uma mulher. A arma do ex-primeiro-ministro português é conhecer bem a máquina da ONU, após dez anos como alto-comissário para os refugiados, e a fama de ser um bom negociador. O coordenador do PS na comissão de Negócios Estrangeiros, Paulo Pisco, acrescenta outro argumento a favor do ex-primeiro-ministro socialista: “os portugueses não têm anticorpos a nível internacional. Temos condições para ser uns bons mediadores. Temos essa facilidade de ter uma ligação a todas as regiões do mundo”.
Ainda é cedo para perceber as hipóteses de António Guterres, diz Martins da Cruz. “Acho que as coisas se vão começar a decantar daqui a alguns meses e as decisões vão começar a ser verdadeiramente importantes a partir de Setembro deste ano, quando se reunir a Assembleia-geral das Nações Unidas”.
“É o melhor candidato dos que apareceram”
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Durão Barroso não tem, porém, dúvidas de que o ex-primeiro-ministro português “é o melhor candidato de todos aqueles que apareceram até agora. O melhor candidato a muita distância. Ninguém tem conhecimento da máquina das Nações Unidas como ele tem”.
O próximo secretário-geral assumirá funções no início de 2017 e as candidaturas deverão ser apresentadas até ao mês de Abril deste ano. O presidente da Assembleia-geral das Nações Unidas, Mogens Lykketoft, classificou na semana passada Guterres como um bom candidato, porque “foi um primeiro-ministro impressionante de Portugal e um muito, muito bom Alto-Comissário para os Refugiados da ONU”. Guterres, que tem andado particularmente ativo em Portugal e esta segunda-feira vai participar num debate com Durão Barroso, na RTP, prepara-se para dar a volta ao mundo em busca dos indispensáveis apoios internacionais.