O elogio a Portas vem na sequência da sua intervenção no congresso do CDS, no passado fim de semana. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e vice-primeiro-ministro disse que Portugal “não está em condições de substituir” Angola na política externa e alertou para a “tendência para a judicialização” das relações entre Portugal e Angola, avisando que “isso seria um caminho sem retorno”. O Jornal de Angola gostou do que foi dito no congresso de Gondomar e, num editorial intitulado “O Apelo de Portas”, elogia a intervenção de “um dos políticos portugueses de referência”.
“A visão de Paulo Portas é, pois, a de um político com ideias fundadas na experiência e maturidade relativamente ao modo mais justo e adequado de conduzir as relações entre Estados, salvaguardando não apenas os interesses bilaterais mas, acima de tudo, respeitando as mais elementares normas do direito internacional.”, considera o editorialista.
Mas o elogio a Portas vai mais longe. “Enquanto governante Paulo Portas teve oportunidade para avaliar que as relações entre Portugal e Angola têm muito mais a ganhar se se fizer uma aposta séria e responsável no reforço do diálogo e na abertura de novas portas à cooperação bilateral. Esta análise realista dos factos permitiu que os laços entre os dois países fossem, em diferentes ocasiões, particularmente estreitados, tendo contribuído para esse facto o empenho pessoal do ex vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros luso”, diz o Jornal de Angola.
O editorial lamenta que nem sempre haja “a lucidez e inteligência que Paulo Portas verteu na sua mensagem e que, entendemos, tem destinatários muito específicos. De facto, o facto mais recente de “judicialização das relações” entre Portugal e Angola e consequente aproveitamento pela comunicação social lusa para manchar a imagem de dignitários angolanos” — uma referência à Operação Fizz, que atinge o vice-presidente Manuel Vicente.
Se Portas merece um elogio, já Marcelo Rebelo de Sousa é alvo de críticas. Em causa está a escolha de Pedro Mexia, nomeado assessor para a cultura do Presidente da República.
“Quando hoje países como Portugal se apresentam como mediadores da relação entre África e a Europa e procuram virtudes democráticas na CPLP, ao mesmo tempo que escolhem para consultores presidenciais indivíduos como Pedro Mexia, que destilava nas televisões a sua arrogância neonazi contra Angola, é bom ouvir alguém recordar os exemplos práticos de solidariedade evidenciados pela Nigéria”, escreve-se no editorial de hoje.