Passos recusa diálogo com Costa: “E ainda bem que é assim”

Passos Coelho enterrou a tese de ilegitimidade do governo (“Lidamos com um governo que tem a legitimidade do Parlamento”), reconhece António Costa como primeiro-ministro, mas para quem o acusa de estar isolado, o líder do PSD foi claro: “A maioria ganhou consistência, assegura estabilidade, não precisa do PSD. Não é de nós que depende nem…

A resposta serve também Marcelo Rebelo de Sousa, que tem alertado para a necessidade de consensos mas que parece não encontrar aliado no seu partido.  “Não somos uma Maria que vai com as outras”, frisou. No arranque do 36º congresso do PSD, que decorre entre hoje e domingo em Espinho, Passos repetiu a fórmula que tem usado nos últimos discursos: lembrou o ponto de partida, em 2011, com o país sob resgate; o ponto de chegada, que culminou com a saída da troika, e voltou a defender o rigor das políticas públicas bem como a necessidade de uma segunda geração de reformas.

O líder do PSD promete uma oposição mais dura. Também no Parlamento, daí que tenha deixado uma lista de tarefas a Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD: apresentar medidas de combate às desiguldades e de efeito direto na demografia. Passos, nessa fase do discurso de se estendeu por quase uma hora, tentou passar das palavras, ou dos slogans (“Social-democracia, sempre!”), aos actos. “É preciso ter uma geração de políticas sociais e de reformar o Estado. Reformar o Estado não é o Simplex”, picou o líder dos sociais-democratas, reeleito com 95% dos votos.

“Não é a oposição que governa”, é certo. Mas o PSD não deixará de assumir as suas responsabilidades como maior partido da oposição. “Não faremos o que outros fizeram no passado. Sobrarão muitas razões para que o PSD possa ambicionar ganhar eleições no futuro, mesmo que as coisas não corram pelo pior para o país”, disse.

Mas ficaram e ficarão os alertas. Passos acenou com a possibilidade do país precisar de um segundo resgate, se a única agência de rating, a DBRS, revir em baixa a volatilidade das taxas de juro. A hipótese de eleições antecipadas começava a pairar: Passos tratou logo de afastar a ideia. “Não temos em vista eleições Legislativas tão cedo e espero que não tenhamos tão cedo”, frisou. E isso para desafiar o PS a aceitar discutir e votar a proposta do PSD para a reforma do Sistema Eleitoral, que Passos considera mais urgente do que a revisão Constitucional, reintroduzida na agenda mediática pelo CDS no seu congresso.

“Temos uma proposta que no passado parece ter merecido o apoio do PS, já que o grupo do PS mostrou mais do que simpatia, mostrou adesão a um sistema desse tipo, que é um sistema de voto preferencial”, lembrou Passos, depois de ter desafiado também o PS a discutir a reforma da Segurança Social sob pena de ser o próprio PS a ficar com o partido e governo responsável por cortar nas pensões, já que não haverá dinheiro para as pagar se não for feita uma reforma que exige um entendimento alargado.