O país devia, "encontrar um veículo de resolução para o crédito malparado, de forma a libertar o sistema financeiro de um ónus que dificulta uma participação mais ativa no financiamento às empresas", revelou Costa numa entrevista à TSF e DN. Esta transferência para um veículo do crédito malparado ajudaria o financiamento da economia, admite o primeiro-ministro que não se alargou em explicações.
Marcelo Rebelo de Sousa aplaude a ideia e lembra que essa solução já foi utilizada noutros países e "é uma prova de confiança" e "uma ajuda adicional para fortalecer um sistema financeiro" como o português.
"Essa é uma fórmula que já foi ponderada ou utilizada noutras economias e portanto nesse sentido não é uma realidade nova, que longe de significar um juízo negativo sobre o sistema financeiro, pelo contrário, olhando para outros exemplos, é uma prova de confiança no sistema financeiro e uma ajuda adicional para fortalecer um sistema financeiro como o sistema financeiro português", revelou Marcelo à margem da comemoração dos 140 anos da Caixa Geral de Depósitos
O presidente da República lembra ainda que este não é um caso inédito e é usado em outros países. É o caso, por exemplo de Espanha. “ Isso aconteceu no país vizinho e está a acontecer noutros países, ou pelo menos a ser equacionado", salientou.
BE e PCP menos convencidos
Uma ideia que não parece convencer da mesma forma os partidos de esquerda. Para Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, “essa é uma solução eventualmente possível”, mas lembra que “foi utilizada em Espanha com dano para a economia espanhola e para o erário público".
Já Jerónimo de Sousa, do PCP, foi mais reticente, lembrando que “a limpeza dos bancos” não pode recair sobre os contribuintes.
Recorde-se que, ainda esta semana, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, defendeu a mesma solução. Na comissão parlamentar de inquérito ao Banif, Carlos Costa disse que a constituição de um veículo que fique com os créditos em incumprimento e o imobiliário dos bancos é a "solução" que a banca portuguesa necessita.
Em Itália foi criado um veículo para ativos tóxicos, que já recebeu luz-verde da Comissão Europeia. Também em Espanha foi criada a Sociedad de Gestión de Activos de la Reestructuración Bancaria (Sareb) com os activos tóxicos financeiros e imobiliários em finais de 2012.