Acabou a "lua de mel" entre o primeiro-ministro e a nova líder dos centristas. Depois dos sorrisos e cumprimentos do último debate quinzenal, António Costa não poupou Assunção Cristas, acusou-a de fazer apenas perguntas retóricas, pediu-lhe "mais imaginação e menos papões", fez uma alusão irónica ao seu gosto pelas crianças e pelas famílias e, pelo meio, ainda se enganou e chamou-lhe "Sra. ministra".
Assunção Cristas chegou mais uma vez carregada de questões ao debate quinzenal com o primeiro-ministro. Atacou Costa por ter dito que o Tribunal de Contas encontrou ilegalidades na concessão do Metro do Porto, quando aquela instituição não concluiu a análise do negócio, acusou-o de esconder uma subida da taxa do IVA normal que estará a preparar no Programa de Estabilidade, atacou-o por ter baixado as previsões para as exportações no Programa 2020 e questionou a utilização de dinheiros da Segurança Social na reabilitação urbana e a criação de um "banco mau" para as imparidades da banca.
A tudo Costa respondeu de forma sucinta, queixando-se de estarem a vir da bancada do CDS apenas "perguntas retóricas".
Costa só foi mais longe ao garantir que não há nada escondido no Programa de Estabilidade que será debatido no Parlamento no dia 27.
"Não insisto em esconder nada", frisou o primeiro-ministro, explicando por que motivo não são ainda conhecidas as medidas que serão apresentadas em Bruxelas até ao final deste mês.
"O que eu tenho pretendido fazer é ter um Programa de Estabilidade assente na informação mais recente e mais atualizada", assegurou, negando estar a ser estudado um aumento do IVA normal.
"Não vem aí o papão, não vale a pena", respondeu a Assunção Cristas.
Costa convidou ainda o CDS a contribuir com sugestões para a melhor forma de gerir o crédito malparado na banca, como já tinha feito com o BE depois de Catarina Martins o ter questionado sobre o mesmo assunto.