Maria Luís encontrou contradições nos documentos que, em seu entender, se podem traduzir na dispensa de funcionários públicos. E ainda deixou um aviso aos partidos da esquerda que apoiam o Governo.
"Permita-me, senhor deputado Jerónimo de Sousa, usar algo que o senhor muito aprecia, uma expressão popular (e que eu também aprecio): Não vale a pena o PCP tentar tirar o cavalinho da chuva! Todos nesta maioria, PS, PCP e BE são responsáveis por este Programa de Estabilidade, por este Programa Nacional de Reformas e por todas as consequências que terão para o país".
A ex-ministra das Finanças ataca os documentos apresentados pelo Governo por serem "irrealistas" e não terem os dados todos. "Percebemos onde a maioria quer gastar, ficamos sem saber como os portugueses o vão pagar".
Maria Luís acha mesmo que há elementos escondidos nos documentos que serão enviados à Comissão Europeia.
"No Programa de Estabilidade anuncia-se uma redução acentuada de funcionários públicos, no Programa Nacional de Reformas anuncia-se a contratação de milhares de funcionários públicos na Saúde, na investigação, na Educação. Aguardamos o esclarecimento da maioria quanto às áreas em que vão reduzir os funcionários públicos de forma suficientemente agressiva para que os objetivos globais sejam alcançados", questionou a deputada do PSD, que fez várias perguntas a Mário Centeno sobre os planos do Governo quanto à Função Pública.
"Será na administração local? Vão encerrar repartições das Finanças? Vão reduzir efetivos nas forças de segurança? Ou será nos guardas prisionais ou nos oficiais de Justiça? Ou na Segurança Social?", perguntou Maria Luís, defendendo que "o Parlamento e o país têm direito de saber que serviços e que funcionários vão ser afetados".
Na mesma linha da intervenção dom deputado do PSD, Miguel Morgado, que falou no arranque do debate, Maria Luís Albuquerque encontra nos documentos do Governo o reconhecimento dos efeitos positivos das reformas feitas pelo Executivo de que fez parte, mas ataca a forma como estas medidas estão a ser revertidas.
"Não se compreende, no entanto, como conciliar este reconhecimento com as sucessivas iniciativas para as reverter", ironizou a deputada.
Esquerda ataca Maria Luís
A intervenção da agora também vice-presidente do PSD foi muito aplaudida pela bancada social-democrata e recebida com sorrisos nas bancadas mais à esquerda.
"Ficou hoje claro de que lado a senhora estaria no debate nas instituições europeias sobre a revisão as metas europeias", atacou João Galamba, que quis saber se a deputada era a mesma ministra que "falhou todas as metas".
A senhora deputada quando era ministra falhou inúmeras, inúmeras metas. Mas o que nos veio aqui dizer foi que não faz mal falhar metas quando há fé de corpo e alma na austeridade", lançou a deputada do BE, Mariana Mortágua, que defendeu que a "a fragilidade do Programa de Estabilidade é a fragilidade de Bruxelas" e não do Governo ou da maioria que o apoia.
Mariana Mortágua foi bastante dura nos ataques a Maria Luís Albuquerque, lembrando que "as regras sagradas já nem sequer são consensuais em Bruxelas" e criticando os sociais-democratas por não terem ainda falado sobre o debate que decorre sobre a alteração das regras orçamentais europeias.
"O PSD não pensa, o PSD obedece", afirmou a deputada.
Maria Luís descartou as críticas, acusando os deputados do PS e do BE de não lerem as posições do PSD sobre a Europa.