Discurso de Assis aplaudido por Costa

Assis afirmou a sua “solidão política” de oposição à geringonça

“Não vinha com a  perspectiva de ser aplaudido. Mas fui ouvido com atenção e respeito, como é próprio de um partido democrático onde nenhuma divergência se transforma em dissidência. Viva o PS e viva Portugal”. Foi assim que o maiori crítico da estratégia do PS terminou o discurso sob o aplauso quase geral, incluindo palmas do próprio António Costa.

Assis foi, de facto, ouvido em silêncio, com uma excepção. Depois de ter afirmando que “sem disfarces” assume “uma posição muito crítica em relação à forma como o partido tem vindo a ser conduzido nos últimos tempos”, a sala vaiou o grande opositor do secretário-geral. Mas foi uma vaia única, isolada, não se repetiu.

“Falo neste congresso por indeclinável dever de lealdade para com o meu partido e a minha família política”, afirmou Assis, defendendo que “a lealdade está na palavra que se afirma com clareza” e não no “silêncio cínico” ou no “encómio de adversários”. Falou da sua experiência de solidão política – “o isolamento é uma realidade que experimento todos os dias” e “não é agradável nem fácil”. “A solidão política reveste-se sempre de uma certa dose de crueldade”, disse o antigo líder parlamentar do PS para quem “perde o direito de ter razão quem aceita silenciar as convicções profundas”.

“É em nome de convicções profundas que aqui estou. Em tudo o que é essencial divergimos do Bloco de Esquerda e do PCP. Esta é uma aliança contra-natura”, disse Assis, para quem só um “PS enfraquecido pelo resultado eleitoral imprevisto” conduziu o partido aqui.

Assis teme principalmente o “vírus ideológico” que “é o radicalismo anti-europeu que regressa hoje em alguns discursos em Portugal”. Para o eurodeputado, o PS “tem de combater o populismo anti-europeu que tem a particularidade de se apresentar com novas roupagens”. O antigo candidato à liderança do PS contra Seguro vê com “preocupação” que dentro do próprio PS “se resvale para discursos inaceitáveis”. Se, como afirma Assis, a “extrema-esquerda permanece fiel à sua retórica anti-europeia”, o eurodeputado apela a que “o PS não se deixe colonizar” por ela.