O Presidente da República aproveitou as comemorações do 10 de junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas para fazer o elogio do povo. Numa cerimónia que regressou à principal praça de Lisboa, o Chefe do Estado lembrou que, nos momentos de crise, sempre que o país foi posto à prova, coube ao povo assumir um papel determinante e «lutar por Portugal».
Na praça junto ao Tejo, sob o ‘olhar’ de alguns navios da Marinha fundeados a meio do rio, com destaque para o navio-escola Sagres, Marcelo deixou bem claro que «Portugal é o seu povo», um povo que «não vacila, não trai, não se conforma, não desiste».
A ouvi-lo, na ampla praça, além das entidades oficiais e militares dos três ramos das Forças Armada, estavam alguns milhares de pessoas, entre portugueses e estrangeiros, que aproveitaram o sol e o calor de junho para se passearem pela beira rio junto à baixa da cidade.
O bom povo e as más elites
E foi perante essa plateia que Marcelo Rebelo de Sousa deixou uma das frases que marcou o seu discurso na primeira participação enquanto Presidente da República no 10 de junho: «Foi o povo quem, nos momentos de crise, soube compreender os sacrifícios e privações em favor de um futuro mais digno e mais justo. O povo, sempre o povo, a lutar por Portugal. Mesmo quando algumas elites – ou melhor, as que como tal se julgavam – nos falharam, em troca de prebendas vantajosas, de títulos pomposos, meros ouropeus luzidios, de autocontemplações deslumbradas ou simplesmente tiveram medo de ver a realidade e de decidir com visão e sem preconceitos».
Marcelo deixou, também, uma justificação para o regresso das cerimónias à praça mais emblemática de Lisboa, fazendo alusões a momentos históricos vividos neste local da cidade onde, 43 anos depois, regressou um Presidente da República para participar nas comemorações do 10 de junho. A última tinha acontecido em 1973, sob a presidência do então Presidente Américo Tomás. De 1963 a 1973, a cerimónia era aproveitada pelo regime para enaltecer os feitos dos militares portugueses na guerra colonial que o país então suportava.
O significado do Terreiro do Paço
«Podemos dizer que devemos aos acontecimentos ocorridos neste espaço o que somos hoje e o que fomos sendo desde o século XV», quando se iniciaram os Descobrimentos, e outros momentos históricos como a recuperação da independência em 1640 ou o terramoto de 1755.
Marcelo aproveitou, aliás, aquele acontecimento trágico para a cidade e o país, para o apontar como exemplo do que os portugueses são capazes. «Foi aqui, também, que demos prova de que somos capazes; novamente a partir do nada, planeamos, reconstruímos, reerguemo-nos, Lisboa renasceu e esta praça tornou-se uma das mais belas da Europa. Mostrámos ao mundo de então de que fibra somos feitos e do que somos capazes».
E prosseguiu: «Hoje, em 10 de junho de 2016, desta mesma praça, que é símbolo maior do nosso imaginário coletivo, partimos, uma vez mais, rumo ao futuro». OPR realçou que «esse mesmo povo hoje é garante do nosso desenvolvimento económico, da justiça social na reconfiguração de Portugal como país de economia europeia, de raiz multicultural, expressão da língua portuguesa, plataforma entre continentes, culturas e civilizações. É esse povo que hoje aqui e em França queremos celebrar».
Cerimónias em Lisboa de manhã, e em Paris à tarde
As cerimónias oficiais do Dia de Portugal foram repartidas entre a manhã em Lisboa e a tarde em Paris, onde Marcelo homenageou e condecorou, ao lado do Presidente Hollande, membros da comunidade portuguesa ali residente que estiveram envolvidos no socorro às vítimas dos atentados terroristas de novembro passado na capital francesa.
«Somos portugueses, como sempre triunfaremos», concluiu o Presidente da República, acentuando que foi esse povo que as cerimónias do Dia de Portugal quiseram celebrar.