Campeões improváveis levam o país à loucura

Era o jogo de uma vida, mais importante só a final do Campeonato do Mundo, e Cristiano Ronaldo não merecia aquela entrada do adversário que o tirou do campo ainda não tinham passado 30 minutos de jogo. 

As lágrimas do craque dizem tudo, e na memória de muitos surgiram as imagens de outra final, também em França, mas na final do Campeonato do Mundo de 1998, quando Ronaldo, o fenómeno, jogou pelo Brasil, mas fazendo apenas figura de corpo presente, já que estivera no hospital até uma hora antes do jogo.

O nosso Ronaldo nem figura de corpo presente conseguiu fazer, pois a lesão impediu-o de todo de continuar em campo. Mas ao contrário dos brasileiros, que praticamente se eclipsaram com o seu Ronaldo, os portugueses uniram-se e provaram que são mais do que apenas escudeiros do fenómeno madeirense. Cristiano Ronaldo perdeu o jogo, mas Portugal ganhou uma equipa que tudo fez para prestigiar o seu magnífico capitão.

A vitória final, sobre uma França que já tinha sido o nosso carrasco em três ocasiões, tem um sabor muito especial. Depois de um mês de jogadas baixas, em que a seleção nacional foi apelidada de “nojenta” e que não jogava nada, eis que o caneco de campeão europeu vem para Portugal. 

E vem merecidamente, já que fomos os melhores. Finalmente começamos a deixar de jogar bonitinho e perder. É verdade que só ganhámos um jogo nos 90 minutos, pois todos os outros que vencemos ou foi no prolongamento ou nos penáltis.

Amanhã, a enorme comunidade portuguesa em França vai chegar ao trabalho com um sorriso pouco usual nos lábios, pois não é todos os dias que há razões para calar a arrogância dos gauleses. Mas também um pouco por todo o mundo aqueles que sentem a fala portuguesa como sua terão um dia para mais tarde recordar. Entre o fim do jogo e o fecho (atrasado) do jornal recebi várias mensagens de amigos emocionados. Alguns, inclusivamente, choravam de emoção. O futebol é isso: transporta-nos para uma galáxia de sentimentos improváveis.