Holande sai em defesa de Costa

Sem direito a perguntas dos jornalistas, não foi possível perceber se o Presidente francês vai ou não defender sanções zero na Comissão Europeia.

Nas semanas em que se joga tudo na diplomacia para que haja sanções zero, a visita do Presidente francês François Holande a Lisboa é mais uma peça importante na defesa montada por António Costa.

Isso mesmo ficou claro nas declarações feitas no jardim da residência oficial do primeiro-ministro depois de um encontro que durou pouco menos de uma hora.

"Não podemos pedir mais a Portugal do que Portugal já fez", dizia Holande à saída da reunião de trabalho com Costa.

Sem direito a perguntas dos jornalistas, não foi possível perceber se o Presidente francês vai ou não defender sanções zero na Comissão Europeia.

Mas o que Holande fez em Lisboa foi a defesa dos "sacrifícios" que já foram feitos pelos portugueses e a mensagem de que embora as regras sejam importantes há que olhar para elas de forma inteligente.

O Chefe de Estado francês referiu-se a Portugal como "um país que fez enormes esforços, que fez muitos sacrifícios" e destacou a importância da participação portuguesa na construção europeia. Um pormenor que não pode passar despercebido tendo em conta que a visita a Lisboa fazia parte um périplo – entretanto encurtado pelo ataque de Nice – para recolher apoios e contributos para o futuro da Europa na sequência do Brexit.

A mensagem de Holande em Lisboa é, por isso, particularmente relevante e vai ao encontro dos argumentos políticos da carta ontem enviada à Comissão Europeia por Mário Centeno.

"As regras e a disciplina são importantes, mas não podem pôr em causa o projeto europeu", disse o francês.

Mário Centeno diz algo muito parecido na carta enviada aos comissários e, por isso, Costa contou hoje com um aliado de peso.

Não é irrelevante que Holande tenha destacado que "Portugal é um país que deu muito à Europa".

Pelo seu lado, Costa aproveitou para deixar claro que a batalha pelas sanções zero não fará o Governo desleixar as contas públicas ou desistir do rigor.

"Ao longo dos anos, fizemos grandes esforços, continuamos a fazer grandes esforços e continuaremos a fazer grandes esforços", assegurou o primeiro-ministro, que voltou a lembrar que os dados da execução orçamental permitem prever que "iremos alcançar um bom resultado" no que toca às metas para 2016.