PSD descarta cenário de crise política. PS diz que acordos “estão para durar”

O Presidente recebeu os partidos para analisar a situação política. Reuniões continuam hoje com os parceiros sociais

Os partidos de direita não pouparam críticas ao governo na sequência dos encontros entre o Presidente da República e os partidos com assento parlamentar que decorreram ao longo do dia de ontem. Ainda assim, o PSD descarta a iminência de um cenário de crise política, enquanto o CDS prefere não se preocupar com o assunto. Estão ambos preocupados com o sistema financeiro.

“Não vemos nenhum cenário de crise política no horizonte”, afirmou Sofia Galvão, vice-presidente do PSD, acrescentando que, uma vez que o governo tem uma maioria estável, não há motivos para se falar em crises políticas.

O CDS, por sua vez, decidiu não comentar a estabilidade governativa por não ser uma matéria que o partido controle. “Não depende de nós a manutenção ou não da atual solução e, portanto, não nos ocupamos do que não depende de nós.”

Para Assunção Cristas, o governo foi incapaz de recuperar a economia e de criar emprego. Cristas realçou que têm sido os centristas a trazer para a agenda política matérias sociais que, de outro modo, seriam esquecidas.

“O CDS é uma oposição firme e construtiva na área social, não nos compete fazer a avaliação das esquerdas unidas”, afirmou a líder dos centristas após o encontro desta tarde com o Presidente da República.

Para Cristas, a preocupação do partido relativamente aos cortes da despesa pública, à falta de crescimento da economia e à criação de emprego é grande. A líder do CDS afirmou ainda que o atual Orçamento do Estado foi incapaz de relançar a economia. “Não temos ganhos significativos com esta governação”, acrescentou.

Já o PSD realçou estar preocupado com a situação financeira e com a banca. “O governo tem uma maioria no parlamento que o sustenta e, nesta altura, já é possível perceber que os resultados da política económica são o contrário do que o governo tinha prometido”, afirmou Sofia Galvão.

Os sociais-democratas abordaram ainda a questão do Orçamento do Estado para 2017 (OE2017). Dizem não ter qualquer conhecimento do documento, mas destacam que a maioria de esquerda terá de explicar como tenciona executar esse mesmo Orçamento. “O PSD não é parte da solução em termos do próximo Orçamento do Estado.”

“Acordos estão para durar” O PS, por sua vez, deu garantias de que os acordos com o Bloco de Esquerda, Partido Comunista e Os Verdes não estão ameaçados. “Parece-me que não está à vista nenhuma questão de instabilidade. Os acordos estão firmes e estão para durar”, afirmou Ana Catarina Mendes.

A secretária-geral adjunta do PS, que destacou a capacidade do partido de cumprir as suas promessas, realçou que o Orçamento do Estado para 2017 está a ser preparado com os restantes partidos de esquerda e diz estar “confiante” que se chegue a um bom resultado, tal como aconteceu com o atual OE.

Esquerda evita orçamento Tanto o BE como o PCP, o PEV e o PAN não quiseram tecer comentários relativamente ao documento, uma vez que ainda não o conhecem, mas auguram um bom futuro.

Para a líder do Bloco, não há razões para se pôr fim ao acordo firmado com os socialistas. “O acordo que fizemos tem estado a ser cumprido”, afirmou Catarina Martins.

O PCP realçou os avanços alcançados pelo governo de maioria de esquerda, mas destacou a “excessiva centralidade” quanto à questão do défice e a menor importância dada aos direitos e rendimentos. Ainda assim, Jerónimo de Sousa garantiu que o partido irá dar o seu contributo. “Na parte que nos toca, a posição conjunta, no essencial, foi concretizada nos objetivos que conhecem”, afirmou o líder comunista.

Ainda que Catarina Martins pouco tenha revelado sobre os salários na função pública – “Vou repetir o que disse há uns meses: as negociações fazem-se à mesa” -, Jerónimo de Sousa foi mais claro: “Seria um mau caminho cortar salários ou congelá-los não só na função pública como no setor privado” (ver págs. 2-3).

O partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que foi o primeiro a reunir-se com Marcelo Rebelo de Sousa, destacou a existência de “alguma estabilidade governativa” entre os partidos de esquerda. André Silva apelou ainda ao sentido de responsabilidade no que toca ao Orçamento do Estado para 2017.

Já Os Verdes deram garantias de que o Presidente da República não está preocupado. “Relativamente ao Orçamento do Estado, falámos sobre essa matéria. O Presidente da República não está preocupado, mas quer saber como as coisas estão”, afirmou o deputado José Luís Ferreira, acrescentando que os Verdes não se pronunciam relativamente ao OE2017, uma vez que o seu conteúdo ainda é desconhecido.

Os encontros em Belém continuam hoje, com Marcelo Rebelo de Sousa a receber os parceiros sociais CGTP, CIP, CCP e CTP, esta tarde, e a CAP amanhã. Recorde-se que a UGT já esteve reunida com o PR na passada quarta-feira.