O presidente ANTRAL anunciou, esta quarta-feira, que o setor está a preparar uma paralisação “prolongada”, de forma a pressionar o Governo a tomar uma posição perante a atividade de empresas como a Uber e a Cabify.
Florêncio Almeida disse ainda que os taxistas estão preparados para parar “o tempo que for necessário, até que o governo decida o que vai fazer”, revelou em declarações à TSF.
Para o responsável, não está em causa a concorrência ao transporte de passageiros dito tradicional, mas sim a falta de regularização do setor. “Não estamos contra as plataformas, estamos contra o seu modus operandi”, revela.
Já o presidente da Federação Portuguesa do Táxi (FPT) considerou esta quarta-feira que o secretário de Estado dos Transportes, José Mendes, é “o problema” no diferendo que opõe taxistas às novas plataformas de mobilidade como a Uber e a Cabify. “O secretário de Estado é o problema. É como uma tábua: não abre, não cede, para se encontrar uma solução. Ele já tomou uma posição, está ao lado da Uber”, salientou Carlos Ramos.
O presidente da FPT falava na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas, onde foi hoje prestar esclarecimentos sobre as novas plataformas de mobilidade.
Questionado pelos deputados sobre os motivos que levaram a FPT a não assinar as recomendações que saíram do grupo de trabalho criado pelo Governo para analisar a questão das novas plataformas, Carlos Ramos explicou que aquela estrutura “nunca teve vontade de discutir as propostas das associações” dos táxis e que o seu objetivo era o de “fragilizar e dividir as associações”.
Carlos Ramos diz também que “nunca esteve contra a existência das plataformas”, até porque o “setor do táxi já tem seis, pelo que não é a existência de novas que os assusta”, o dirigente disse que “está é contra a forma como o Governo as quer legitimar”.
“O ministro [do Ambiente] disse que o que se exige ao setor do táxi tem de ser exigido aos outros e é isso que nós queremos”, frisou.
“Estamos confortáveis com a legislação que hoje existe, não estamos de acordo é que se desregule o setor” para regular as plataformas, acrescentou o presidente da FPT.
Para Carlos Ramos, importante é também definir-se qual é o contingente que alimenta essas plataformas e defendeu que deve ser o que já existe.
A FPT sugeriu também que fosse adotado o modelo da Holanda, onde os táxis são todos descaracterizados e tanto prestam serviço para as plataformas como para as empresas de táxi, mas “também disseram que não”.
O dirigente apelou, ainda, a um debate sobre este problema e a sua solução, mas defendeu que “até lá é preciso parar com estas viaturas”.
Recorde-se que, o Executivo está a preparar uma nova legislação para enquadrar estas novas plataformas, procurando regras mais flexíveis do que as que são aplicadas ao setor do táxi. A mesma deve estar pronta até ao final do ano.