No próximo dia 4 celebra-se um ano desde as eleições legislativas, que deram origem a uma solução de governo inédita em Portugal, e Marques Mendes não deixou passar a data em branco, no seu comentário semanal na SIC Notícias.
O comentador destacou três pontos positivos da geringonça: a “estabilidade política”, ao contrário do que acontece com Espanha ; a “solução para a banca”, isto é, Costa tem resolvido problemas que tinham vindo a ser “adiados” como por exemplo a questão do Banif; e a questão do “défice”, considerando que se o rumo se mantiver, “é possível chegar” a um défice de 2,5% do PIB.
Quanto aos pontos negativos, o ex-líder do PSD realçou o “baixo crescimento da economia” – algo que todos os partidos da solução governativa consideravam “essencial” em tempo de campanha; “o clima de incerteza” que a geringonça transmite aos investidores ao não cumprir com determinados acordos, destacando também o facto de os juros da dívida a 10 anos terem subido; e considerou ainda que este é “o Governo menos reformista de sempre”.
Marques Mendes concluiu afirmando que 2016 foi “o ano mais fácil” para o Governo e para os partidos que integram esta solução governativa, e que o ano de 2017 será “a prova dos nove” da geringonça.
O comentador mostrou-se ainda "perplexo" em relação ao PSD, não só com a falta de iniciativa enquanto partido da oposição, mas também com a pouca importância dada às eleições autárquicas por parte do PSD. "Parece que estão à defesa", afirmou Marques Mendes, acrescentando que Passos transmitiu a ideia de que é o "último a saber" em relação ao que se passa no seu partido.
O veto presidencial e a candidatura de Kristalina Georgieva foram outros dos temas abordados.
Mendes considerou a entrada da vice-presidente da Comissão Europeia uma “golpada” e uma “manobra inqualificável” apoiada pela chanceler alemã Angela Merkel e pelo presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker.
O comentador destaca também o facto de, pela primeira vez, o processo de escolha do secretário-geral da ONU ser “transparente”, “muito aberto”, onde os candidatos realizaram várias provas e debates, e feito com “muita antecedência” e disse que a candidatura da búlgara poderia ser encarada como um “desprestígio” para as Nações Unidas.
Ainda assim, Marques Mendes acredita que Guterres “até pode ganhar” com esta situação. Não só porque venceu as anteriores votações informais, mas também porque a indignação dos membros do Conselho de Segurança com esta “manobra de última hora” pode traduzir-se em votos no candidato português. E acrescenta que o ex-primeiro-ministro nunca sairá “um perdedor”, mesmo que não chegue a secretário-geral do ONU, porque mostrou “credibilidade” e um respeito pelas regras que foram impostas desde o primeiro dia.
O ex-líder social-democrata falou ainda da questão do veto de Marcelo Rebelo de Sousa. Para Mendes, esta decisão do Presidente de República fundamentada na questão da inoportunidade política foi uma maneira de “não afrontar” o Governo, realçando que Marcelo teria sido “mais duro” com o Executivo se tivesse optado por apresentar outros argumentos como a privacidade ou enviar para o diploma para o Tribunal Constitucional.
Marques Mendes adianta que o Governo tem duas hipóteses: ou deixa o diploma "de lado", e assim não “afronta” o Presidente e ganha tempo para “dialogar com o PCP”; ou envia o documento tal como ele está para a Assembleia da República e arrisca-se a que ele não passe com os votos contra dos comunistas.
O comentador apresentou ainda um quadro, onde demonstrou vários argumentos que estão previstos na lei e que permitem o acesso às contas bancárias, para justificar o facto de não achar esta questão uma das mais importantes para o combate à evasão fiscal.