A Siemens Portugal foi uma das empresas convidadas pelo Governo para pertencer a um grupo de trabalho para fomentar a Indústria 4.0, também designada por quarta revolução industrial. A ideia do Executivo é simples: criar um comité estratégico para «estar na linha da frente» e quer que as empresas ajudem a definir as prioridades em matéria de digitalização da economia.
Ao todo participam mais de 60 empresas que representam 25% do produto interno bruto (PIB) nacional, mais de 30% do emprego e as suas exportações ascendem a mais de 50% de tudo o que o país exporta. Estas empresas estão inseridas em quatro grupos de trabalho: agro-indústria, automóvel e moldes, retalho e moda e finalmente turismo. Para o secretário de Estado, João Vasconcelos, a digitalização é um «fator crítico de sucesso» e as empresas que «não estiverem dispostas ou aptas a usar as novas tecnologias para se tornarem mais flexíveis e exigentes, não vão conseguir operar no mercado global e, no médio prazo, irão desaparecer».
O responsável diz ainda que a mudança a que estamos a assistir é ditada pela «evolução a um ritmo alucinante da tecnologia, mas também por consumidores mais informados e poderosos, que exigem maior costumização, celeridade e transparência».
Já o primeiro-ministro garante que Portugal não pode continuar agarrado a «discussões do passado», mas de olhar para o futuro, no qual o talento, a capacidade de iniciativa e a capacidade de atrair e fixar talentos, são fatores decisivos. «O nosso futuro não está numa diferença de 30 euros no salário mínimo nacional», garantiu António Costa.
Esta revolução industrial é um dos temas centrais do Fórum Económico Mundial em Davos, que admite que a inovação tecnológica irá custar mais de cinco milhões de postos de trabalho, até 2020, nas principais economias mundiais.
Para o presidente do Fórum Económico Mundial, Klaus Schwab, esta quarta revolução, tal como aconteceu com as anteriores, tem o potencial de «elevar os níveis de rendimento global e de melhorar a qualidade de vidas das populações em todo o mundo».
Mas de acordo com o responsável as vantagens não ficam por aqui. Também do lado da empresa há que contar com benefícios, nomeadamente em termos de eficiência e de produtividade a longo prazo, resultantes da baixa dos custos de transportes e comunicação, da maior eficácia nas cadeias logísticas e de transportes globais e da descida nos custos do comércio. Tudo isto, diz, «vai abrir novos mercados e impulsionar crescimento económico».
Schwab chama, no entanto, a atenção para o agravamento das desigualdades, que poderá conduzir a um aumento das tensões sociais. Até porque os estudos já avançados estimam que esta quarta revolução implicará a perda de empregos nas principais economias mundiais.