O Expresso noticiou ontem que Jorge Moreira da Silva ganhou um processo de seleção para desempenhar na OCDE o cargo de diretor-geral de Desenvolvimento e Cooperação.
É uma baixa de peso na direção do PSD, uma vez que Moreira da Silva é o vice-presidente mais próximo de Passos e um dos homens do partido em quem o líder mais confia.
No entanto, ao que o i apurou Passos não deve substituir Jorge Moreira da Silva, optando por ficar com menos um vice-presidente.
Esta saída acontece numa altura em que cresce o descontentamento interno com a forma como Passos tem conduzido a oposição, ainda que para já a contestação se resuma a manobras de bastidores a pensar numa sucessão no médio a longo prazo e não numa disputa aberta pela liderança.
Moreira da Silva foi agora escolhido para um lugar na OCDE, mas já este ano tinha tentado sem sucesso um lugar na ONU, onde já trabalhou.
Em maio, o ex-ministro do Ambiente de Passos perdeu para a mexicana Patrícia Espinosa o cargo de secretário-executivobda Convenção das Nações Unidas para as Alterações Climáticas.
Ambos eram os únicos finalistas de um processo de seleção da ONU, mas Ban Ki-Moon escolheu a mexicana em deferimento do português.
Ambições internacionais
De resto, Moreira da Silva tem no currículo já um percurso que indicia a ambição de um percurso internacional.
O engenheiro eletrotécnico foi deputado europeu, tendo sido autor entre 1999 e 2003 de todos os Relatórios do Parlamento Europeu sobre alterações climáticas e relator, negociador e autor da Directiva que estabeleceu o novo Sistema Europeu de Comércio de gases com efeito de estufa.
Foi consultor do Banco Europeu de Investimento ao mesmo tempo que era assessor de Cavaco em Belém para o Ambiente, Ciência e Energia. E deixou Cavaco para ser conselheiro nas Nações Unidas do Programa para o Desenvolvimento na área de energia e alterações climáticas.
Menos um Plano B para Lisboa?
Ultimamente, tem sido apontado como o Plano B favorito de Passos para a Câmara de Lisboa, caso Pedro Santana Lopes, o candidato favorito no partido, acabe por decidir não concorrer nas autárquicas de 2017.
Moreira da Silva já tinha, em entrevista ao Observador há uns meses garantido não ponderar sequer uma candidatura. E o seu nome não é nada bem visto na concelhia do PSD Lisboa. Mas é este cargo que parece afastá-lo definitivamente desse cenário.
De qualquer maneira, neste momento a maior parte dos sociais-democratas acredita que Santana será candidato por Lisboa, embora ninguém esteja 100% seguro disso.
Moreira da Silva também tem sido apontado como uma possível solução de liderança para suceder a Passos Coelho.
No entanto, no partido quem está mais distante de Moreira da Silva e de Passos frisa precisamente as ambições internacionais do ex-ministro e ex-líder da JSD e recorda que "por três vezes deixou o lugar para que foi eleito na Assembleia da República", apontando um padrão.
"Primeiro saiu para ser deputado europeu, depois para ser assessor de Cavaco e depois para a ONU", lembra um dos sociais-democratas mais distantes da atual direção.
Agora, Moreira da Silva sai para a OCDE para o mesmo departamento para a Cooperação e Desenvolvimento Económico para onde foi o também ex-ministro de Passos Álvaro Santos Pereira em 2014.