O primeiro-ministro deteve-se para cumprimentar Rocha Andrade. Mas fez mais: ficou durante um longo período num caloroso aperto de mão que contém uma importante mensagem política: a posição do secretário de Estado mantém-se intocada dentro do Governo.
A mensagem não é uma surpresa, porque Costa já tinha deixado vários sinais de que não pretendia abdicar de um dos seus mais próximos no Governo e porque em recente entrevista ao Público tinha mesmo elogiado o trabalho de Rocha Andrade na secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, desvalorizando a polémica em torno das viagens pagas pela Galp para ver os jogos do Europeu de Futebol em França.
Mas a imagem não deixa de ser forte, sobretudo no dia em que Rocha Andrade voltou a ressuscitar uma polémica que o Governo tenta encerrar desde agosto.
Rocha Andrade deu uma entrevista ao DN desvalorizando o facto de estar impedido – pelo caso das viagens – de tomar decisões relacionadas com a Galp, afirmando que "todos os membros do Governo carregam consigo uma lista grande de entidades em relação às quais não devem tomar decisões".
A frase foi suficiente para o PSD e o CDS enviarem ao Governo perguntas para perceber quais são as limitações dos membros do Executivo.
E é também por isso que o demorado cumprimento do primeiro-ministro ganha simbolismo, demonstrando que Costa continua a segurar Rocha Andrade, seu amigo há 20 anos.