José Eduardo Martins afastou-se da política há vários anos, mas voltou à ribalta depois de um discurso fervoroso contra Passos Coelho no último congresso do PSD. Antigo amigo do líder do partido, com quem teve uma desavença há mais de vinte anos, não ficou surpreendido quando foi convidado para ser coordenador autárquico do programa do PSD para Lisboa – que só será apresentado em março.
Nesta entrevista, não poupou críticas ao presidente da Câmara de Lisboa e diz que quer trazer os lisboetas de volta para o centro da cidade. Fizemos ainda uma viagem pelo tempo e recordámos a famosa – e provavelmente inesquecível – cena de insulto no Parlamento ao deputado socialista Afonso Candal. Não deixámos também de dar um salto ao futuro, sem esquecer uma das suas ocupações: a música.
Se Santana Lopes não avançar, o PSD não fica ‘pendurado’?
Há imensas possibilidades de candidatos dentro do partido e os responsáveis na altura tomarão a decisão que se impuser.
Seria bom para o PSD apoiar uma candidatura do CDS? Essa hipótese coloca-se?
Já aconteceu no passado, pode voltar a acontecer no futuro. O PSD e o CDS acabaram de vir de uma experiência governativa em conjunto, os dois líderes têm, além de estima política, estima pessoal. Sinceramente, acho que não é por aí que caminhamos, mas não vejo isso como impossível. Eu diria que ninguém afastou [essa hipótese] liminarmente e não foi por acaso. Nem da parte do CDS nem da parte do PSD. A dra. Assunção Cristas disse uma coisa com a qual concordo em absoluto: se o CDS tivesse uma candidatura apoiada pelo PSD estaria a discutir a presidência da Câmara. Não sendo uma candidatura apoiada pelo PSD, o CDS não está a discutir a presidência da Câmara. Fico muito contente que ela tenha essa noção da realidade porque houve outros líderes do CDS que tinham pouca noção dos seus limites e isso não beneficiava ninguém.
Há conversas entre os dois partidos?
Que eu saiba nenhumas.
Foi escolhido para ser coordenador do programa autárquico do PSD para Lisboa. Qual é o programa do partido para a capital?
O PSD acha que a cidade precisa de uma ideia, de um desígnio. Hoje em dia, a maior parte das questões que se colocam nas sociedades modernas colocam-se nas cidades. Da inclusão ao acesso aos serviços sociais, ao empreendedorismo. Lisboa até tem uma reflexão a fazer sobre a eficácia dos seus limites geográficos e nós não deixaremos de a fazer. Não quero adiantar muito mais sobre isto, mas é preciso fazer uma reflexão séria. Não é só nos transportes que este fenómeno de conjugação se verifica – e nos transportes tem sido muito mal executado.
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