O deputado social-democrata e ex-líder da JSD Duarte Marques critica duramente a forma como o primeiro-ministro conduziu o processo da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e lança a suspeita de que António Domingues e a sua equipa querem esconder “alguma coisa”.
Na sua página do Facebook. o deputado do PSD afirma que “a lei é geral e abstrata e é para cumprir”. E acrescenta: “Esta falta de noção da administração da CGD e de António Costa faz-me desconfiar da forma como lidam ou lidarão com o interesse público. Ou será que não querem que se saiba de alguma coisa? Algo em offshores? Algum ex-cliente ‘complicado’? Perante esta recusa, tudo é suspeito.” Ao i, Duarte Marques disse que “o acordo da Caixa é um conjunto de meias verdades, de manipulações e de falta de transparência. Tudo feito às escondidas. É tudo uma embrulhada e António Costa não pode sacudir a água do capote desta forma. Ele não pode dizer que é como eles quiserem, porque fez um acordo com a nova administração” do banco.
O primeiro-ministro defendeu que deve ser o Tribunal Constitucional a esclarecer se os gestores da CGD são obrigados ou não a tornar pública a declaração de rendimentos e património. O problema é que Domingues aceitou o convite do governo no pressuposto de que os gestores não seriam obrigados a apresentar a declaração e não é certo que aceitem continuar se forem obrigados a fazê-lo. Existem, porém, cada vez mais dúvidas sobre se são ou não obrigados, ao mesmo tempo que cresce a pressão sobre a administração do banco público. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já defendeu que “a obrigação de declaração vincula a administração da Caixa Geral de Depósitos” – uma posição que deixa o ministro das Finanças, Mário Centeno, cada vez mais isolado na defesa de “a CGD ser tratada como qualquer outro banco”.
O PS já veio dizer que Domingues deve apresentar a declaração de rendimentos. Jerónimo de Sousa defendeu, neste fim de semana, que “urge concretizar esse objetivo com a respetiva entrega por parte dos administradores da declaração dos seus rendimentos e património, como qualquer responsável politico ou qualquer titular de altos cargos da administração pública”. No mesmo sentido, a coordenadora do BE, Catarina Martins, disse esperar que as declarações sejam entregues “rapidamente” ao Tribunal Constitucional.
O Bloco considera que “não há nenhum problema com a lei, há o problema do conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos não estar a cumprir a sua obrigação, que já está na lei”.
O PS espera que o Tribunal Constitucional possa resolver o imbróglio. Carlos César, líder parlamentar, disse no sábado que é “ao Tribunal Constitucional que compete decidir e ter uma posição pró-ativa”.
À direita, PSD e CDS criticaram mais uma vez a atuação do governo. “Parece que anda tudo sem rei nem roque. Não há quem mande? Não há quem tenha coragem de dizer o que se deve fazer?”, disse Passos Coelho. A líder do CDS, Assunção Cristas, defendeu que a responsabilidade é de António Costa e, “se o primeiro-ministro fez um acordo (…), é ele que tem de resolver o assunto”.