Passos Coelho. Governo é eleitoralista

Pedro Passos Coelho continua a lembrar os erros de 2009 e a insistir nas reformas estruturais. Governo é eleitoralista, disse. Em tom aguerrido

Depois de uma semana algo complicada para Pedro Passos Coelho, com o governo a fazer-se valer dos dados do crescimento económico lançados pelo Instituto Nacional de Estatística e com alguns nomes alternativos à atual liderança a saírem nas páginas dos jornais, o presidente do PSD correu o país num fim-de-semana de iniciativas partidárias.

Longe de São Bento, mas bem alto. “Se eu fosse primeiro-ministro de um governo que se comporta assim, tinha vergonha”, afirmou o líder dos sociais-democratas, na Guarda.

Passos presidiu ao encerramento da terceira ‘Academia do Poder Local’; uma iniciativa celebrada em conjunto entre Autarcas Social-Democratas e o PSD. Na sua intervenção atacou veementemente o executivo socialista liderado por António Costa, acusando-o de “usar o Estado para financiar campanha partidária”.

Pedro Passos Coelho criticou os documento do executivo por os aumentos nas pensões não estarem distribuídos no Orçamento do Estado para 2017 “de forma equitativa”.

Autárquicas Para o ex-primeiro-ministro, o aumento, ao estar calendarizado para alguns pensionistas em agosto, tem a ver com interesses eleitorais do partido do governo. Em 2017, há eleições autárquicas, logo em agosto estaremos de facto “em véspera de campanha eleitoral”.

E perguntou retoricamente: “Por que é que é em agosto? Daqui até agosto não há dinheiro para pagar? O Estado só vai ter dinheiro para pagar em agosto”; sugerindo depois que o governo quer “dar mais qualquer coisinha para a eleição”.

Sócrates Passos tornou também a utilizar um argumento de comparação entre a atual governação do PS e o executivo de José Sócrates. “O governo em 2009, do PS, procedeu assim. E infelizmente teve consequências muito mais graves que esperemos que não estejam agora no nosso horizonte. Mas como forma de exercer o poder, diz tudo sobre aqueles que tomam estas decisões”, atirou.

O presidente do PSD acusou também o PS de “dividir a democracia” entre pensionistas e “servidores do Estado” de modo a “preparar benefícios sociais e aumentos para campanha eleitoral”; algo, disse Passos, sem “sentido de decência democrática”.

Reformas estruturais Passos trouxe também várias menções ao conjunto de 45 propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2017 que os sociais-democratas apresentaram na passada sexta-feira, em concreto sobre a temática da segurança social em que “alguma coisa de estrutural tem de se alterar para que no futuro não haja solavancos”.

O líder do PSD lembrou que o novo imposto do governo sobre o imobiliário reverte a sua receita para a segurança social, o que, ao contrário do defendido pelo Partido Socialista, demonstra a existência de um “problema estrutural” na Segurança Social. E para problemas estruturais, Passos quer reformas estruturais. Algo que, no que toca à Segurança Social, o governo já afirmou que não havia lugar para qualquer discussão.

Segundo Passos, com o novo imposto o governo “está apenas a empurrar com a barriga”, sem conseguir ou tentar fazer alguma coisa “para resolver o problema”.

Na ausência de vontade para fazer essas “importantes” reformas, Passos Coelho assumiu também a responsabilidade de o seu partido, o PSD, apontar o que fazer e como fazer.