A agenda que vai dar jeito a Marcelo. Receitas revertem para o IPO

Projeto de angariação de fundos para o serviço de pediatria foi apresentado hoje 

“Fiz um texto pequenino e agora arrependo-me. A Marisa Matias fez um maior mas pensei que fosse uma agenda mais pequena. Ainda bem que é grande: não imaginam a utilidade que me vai dar, com uma mais pequena seria impossível”. Foi num tom bem-disposto que Marcelo Rebelo de Sousa participou hoje na apresentação pública da agenda solidária do IPO, um projeto de angariação de fundos inédito na instituição.

As receitas das vendas serão usadas na remodelação do serviço de pediatria da unidade. A agenda está disponível nas livrarias e grandes superfícies com um preço de capa de 13,90 euros e o IPO de Lisboa estima um retorno na casa dos 50 mil euros, já depois de saldar os custos de produção do livro.

A agenda de secretária, com espaço mais do que suficiente para tomar nota de todos os eventos do ano, como assinalou o Presidente da República, conta com textos de 12 personalidades públicas – além de Marcelo e Marisa Matias, Catarina Furtado, Nuno Markl, Afonso Cruz, Clara de Sousa, Margarida Pinto Correia, Boss AC, Vitória Guerra, Sobrinho Simões, Elvira Fortunato e Sandra Correia. Cada um tem uma ilustração de João Vaz de Carvalho.

Estão previstos 15 mil exemplares e Marcelo disponibilizou-se para ajudar ainda mais a causa, indo para o terreno um dia ajudar a despachar o stock. “É uma corrida em contrarrelógio, ninguém gosta de receber uma agenda a meio do ano”.

Cada “autor” foi convidado a contribuir com um texto sobre a memória mais marcante das suas vidas. Marcelo escreveu sobre o “choque de desigualdades” e relatou duas visitas ao Casal Ventoso quando tinha seis anos.

Na apresentação da agenda, o ministro da Saúde reconheceu que o "choque de desigualdades" existe ainda no país, entre litoral e interior, velhos e novos, ricos e pobres. “É no tipo de doenças que trata o IPO que as desigualdades são mais chocantes”, afirmou Adalberto Campos Fernandes, sublinhando que melhorar as condições de tratamento do cancro é uma prioridade política do governo.

Francisco Ramos, presidente do IPO de Lisboa, defendeu que a instituição é hoje uma marca de sucesso, mas com um "longo caminho" pela frente. Mais e melhores instalações, atualização de equipamentos, novos medicamentos por vezes com preços “estratosféricos” e melhor organização são alguns dos desafios em cima da mesa. A organização do hospital por clínicas das diferentes patologias em vez dos tradicionais serviços por especialidade, para maior multidisciplinaridade, e a criação de centros de responsabilidade integrada, com mais autonomia, são as pistas para o futuro do IPO, que diz estar na “linha da frente da reforma hospitalar.”

Na cerimónia, Marcelo homenageou ainda o cirurgião António Gentil Martins, que há 60 anos abriu o serviço de pediatria do IPO.