Até agora. O primeiro-ministro conseguiu finalmente convencer o ex-ministro da Saúde do “desígnio nacional” que é agora ocupar o cargo de presidente da Caixa Geral de Depósitos num momento delicado da recapitalização e depois de uma prolongada polémica em torno da administração demissionária que começou no verão.
É provável que seja esta sexta-feira que o governo anuncia o nome de Paulo Macedo como futuro presidente da Caixa , ao mesmo tempo que divulgará o resto da nova equipa que vai gerir a CGD depois da demissão de António Domingues. Os nomes deverão seguir para o Banco Central Europeu ainda hoje.
A escolha de Paulo Macedo tem uma vantagem política óbvia: torna mais difícil ao PSD e CDS o fogo cerrado sobre o seu antigo colega de conselho de ministros dos tempos da troika.
Na realidade, Paulo Macedo sempre foi um figura de relativo consenso entre PS e PSD. Foi nomeado pela então ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite diretor-geral dos impostos – com um salário milionário altamente contestado na época – mas o ministro das Finanças do goverono PS, que sucedeu a Manuela Ferreira Leite, manteve Paulo Macedo no cargo.
Dotado de capacidades políticas – que claramente faltavam a António Domingues – Paulo Macedo conseguiu a proeza de diminuir substancialmente a fuga ao fisco, enquanto diretor-geral dos Impostos, e como ministro da Saúde em tempos de troika conseguiu proeza ainda maior: não estar no grau zero da popularidade. Apesar dos cortes da Saúde, Paulo Macedo manteve nas sondagens uma razoável apreciação popular.
O iminente anúncio da indicação de Paulo Macedo – que chegou a ser vice-presidente do BCP quando o presidente era Carlos Santos Ferreira – segue-se a uma prolongada polémica em torno da declaração de rendimentos dos gestores da Caixa inicialmente nomeados pelo governo, que acabou com a demissão de António Domingues no domingo passado.