Numa entrevista ao Eco, o social-democrata explica que a ideia de criar um imposto para gerar receita para pagar os juros da dívida era, afinal, uma pergunta e não uma resposta. E ataca quem o criticou.
"Primeiro, não propus nada, limitei-me, enquanto moderador, a pedir a opinião aos palestrantes", responde ao jornal económico online, para em seguida atacar quem o criticou.
"Li críticas e até os habituais insultos, mas não consegui descortinar nenhuma consideração inteligente contra a ideia", afirma Rui Rio, que assegura que o imposto de que falou teria um efeito fiscal neutro, porque subiria na proporção em que baixaria o IRC, o IRS e o IVA.
"Na minha ótica a ideia tem vantagens e desvantagens, mas o que está implícito é a tentativa de uma maior transparência. A tentativa de levar os portugueses a entenderem melhor os efeitos perniciosos dos sucessivos défices públicos que temos tido e que têm sempre de ser pagos por cada um de nós; ou conseguimos isto, ou os governos vão continuar a ser brutalmente pressionados pela opinião pública para fazerem mais e mais despesa pública", escreve o ex-autarca.
Rio acha que, com a criação desse imposto, "a carga fiscal tenderia a baixar paulatinamente, porque a pressão sobre os Governos passaria a ser enorme".
Mas não explica qual seria a taxa a aplicar nem quem pagaria um imposto que teria de gerar receitas de mais de oito mil milhões de euros.
Rui Rio também não fala sobre como poderia fazer algo que a lei não permite: consignar a receita de um imposto a uma despesa específica.
O que Rio faz é um aviso que não fica longe da ideia do "diabo" que é defendida por Pedro Passos Coelho e que tem servido aos críticos internos para reclamar um novo discurso ao líder do PSD que não fique tão colado à ideia do insucesso económico do Governo.
"O problema é que se continuarmos da mesma forma, sem cuidar de mudar de rumo iremos outra vez 'alegremente' contra a parede, e com mais estrondo", defende o único que até agora assumiu publicamente estar disponível para disputar a liderança social-democrata.
Rio volta ainda defender um limite ao défice, embora não sob a forma de um número na Constituição.
"Sou favorável a uma indicação constitucional, nunca a um número concreto, porque a própria medida do défice encerra critérios de caráter demasiado técnico e alguns demasiado subjetivos. Mas podemos, por exemplo, olhar para uma Lei de Enquadramento Orçamental e consagrar aí mais alguma especificidade. Eu próprio, enquanto deputado, fiz propostas nesse sentido há quase vinte anos. Pena que, na altura, as tivessem chumbado, porque, caso contrário, as finanças públicas estariam hoje em bem melhor estado", afirma.