Lisboa. Aproximação a Cristas lança o caos no PSD

Vice da concelhia insiste no nome de Passos Coelho e diz falar em nome das bases. PSD e CDS negam conversas sobre coligação, mas há cada vez mais quem ache que essa é a única solução

Está lançada a confusão no PSD à volta da candidatura à Câmara de Lisboa. Sem opção à vista, é cada vez mais forte a corrente que na direção do partido se rende à possibilidade de apoiar a candidatura de Assunção Cristas. Mas na concelhia não se desarma contra essa hipótese e há quem fale mesmo num movimento de militantes para que seja Pedro Passos Coelho a avançar. Para já, oficialmente, tanto o PSD como o CDS negam que esteja em curso um acordo de coligação para Lisboa.

O coordenador autárquico do PSD, Carlos Carreiras, é o primeiro a desmenti-lo, considerando que todas as notícias sobre a aproximações ao CDS são “especulações” e garantindo que o calendário aprovado “é para cumprir” e os sociais-democratas só deverão revelar o seu candidato à capital em março.

Miguel Pinto Luz, líder da distrital de Lisboa, recusou fazer comentários, mas o i sabe que tem tido contactos “regularíssimos” com o líder distrital do CDS, João Gonçalves Pereira.

O centrista assegura, porém, que “não há conversas formais nem informais” sobre Lisboa, concentrando-se as reuniões nos 16 concelhos do distrito nos quais há possibilidade de coligação. Sobre a capital, a conversa estará no mesmo ponto em que estava quando Cristas anunciou ser candidata. “De há cinco meses para cá que o CDS está disponível para conversar com qualquer força política. Mantemos a disponibilidade, mas respeitamos o calendário do PSD”, afirma Gonçalves Pereira.

Se no Largo do Caldas não há pressas, na São Caetano à Lapa há nervosismo. O vice-presidente da concelhia social-democrata, Rodrigo Gonçalves lançou na semana passada o nome de Pedro Passos Coelho num jantar com mais de mil militantes. Recebeu aplausos e, nessa mesma noite, “mais de 900 emails, 80% dos quais a favor” daquele que Gonçalves acredita ser “o candidato mais forte”.

bases contra coligação

Ao i, Rodrigo Gonçalves assegura falar em nome das bases, com a legitimidade de quem foi recentemente eleito por maioria absoluta. “Os militantes não querem uma coligação encabeçada pelo CDS. Lutarei para que isso não aconteça”, promete, apesar de saber que o líder da concelhia Mauro Xavier não acompanha a ideia de uma candidatura de Passos Coelho e de Carreiras garantir que quem anda nervoso com o tema é “uma minoria” no partido.

Rodrigo Gonçalves arrasa, aliás, a estratégia que tem sido seguida pela distrital liderada por Miguel Pinto Luz e pelo coordenador autárquico Carlos Carreiras. “Neste momento, temos Mafra e Cascais, quando já tivemos cinco em dez câmaras no distrito” [sem contar com a região oeste], acusa, frisando que o que o faz falar em Passos para a candidatura não é o desejo de o pôr em xeque.

“Não sou opositor a Passos Coelho. Pode nem ser ele o candidato. Mas acho que devia ser alguém com o perfil dele”, defende, lembrando que nas legislativas o líder do PSD teve 40% dos votos em Lisboa. “Quase mais 4% do que António Costa”. Números que Gonçalves acha que deveriam fazer o partido refletir.