A confusão em torno da candidatura à Câmara de Lisboa, com concelhia e distrital em rota de colisão, pode mesmo fazer Passos Coelho avocar para si formalmente o processo de decisão.
Na prática, a palavra final sobre quem é o candidato à capital é sempre do líder, mas Passos pode optar por deixar formalmente de fora a concelhia se o ruído interno se mantiver.
O i sabe que dentro da concelhia de Lisboa essa é, aliás, uma possibilidade que já está a ser tido em conta e que ganha peso depois de o vice-presidente Rodrigo Gonçalves ter vindo publicamente defender primeiro a candidatura de Passos e depois a de "um candidato com o mesmo perfil" do líder.
Hoje, uma notícia do Público dá nota de que Rodrigo Gonçalves quer uma reunião da distrital para falar sobre as autárquicas e pressionar no sentido de não avançar uma coligação que considera "contranatura" por ser encabeçada pela líder do partido mais pequeno.
O i sabe, porém, que é pouco provável que essa reunião se realize, precisamente para evitar o que poderia ser visto como uma forma de pressionar a direção.
O líder da concelhia já fez saber que está contra a coligação com o CDS – que parece ser cada vez mais o cenário mais provável – , mas não quer alimentar polémicas e recusa voltar a falar sobre o assunto.
O seu vice, Rodrigo Gonçalves, é que não pretende calar-se e diz estar "muito preocupado" com a ausência de um candidato próprio à maior câmara do país. "É claro que um resultado eleitoral em Lisboa tem uma leitura nacional ", frisa ao i, lembrando as autárquicas de 2001 que deitaram abaixo o Governo de Guterres.