2017 pode ser considerado o ano do tudo ou nada para Pedro Passos Coelho. O ano que agora termina foi tudo menos positivo para o presidente do PSD, com previsões da chegada de um diabo que ainda está por aparecer. Quem não se lembra da mítica afirmação «em setembro, vem aí o diabo» – e um discurso de oposição considerado por muitos fraco e pouco consistente. Apesar de erros do Governo, nomeadamente no processo da Caixa Geral de Depósitos e de alegadas promessas feitas pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, o PSD parece não ter conseguido agarrar a oportunidade para passar uma imagem de oposição forte e convincente.
As eleições autárquicas, marcadas para outubro de 2017, serão um dos grandes desafios do líder do PSD. O objetivo do partido é arrecadar um maior número de câmaras do que o PS, mas não será um desafio fácil. Veja-se o caso de Lisboa. Os sociais-democratas estiveram até à última à espera da luz verde do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Pedro Santana Lopes, para avançarem com o seu nome com como candidato à câmara da capital. A sua recusa, no início deste mês, deixou o partido em maus lençóis. Ainda está por aparecer um candidato forte do PSD à câmara e dentro do partido há mesmo quem ache que a melhor solução seria apoiar a candidatura da presidente do CDS, Assunção Cristas. O vice-presidente do PSD-Lisboa, Rodrigo Gonçalves, chegou mesmo a desafiar Passos Coelho a candidatar-se – hipótese entretanto já afastada pelo partido.
E se a liderança do PSD deixou de ser um tema escondido nas entrelinhas em 2016, o próximo ano será decisivo para a estabilidade do cargo de Passos Coelho. Apesar de, em março, ter vencido as eleições internas do partido – foi reeleito com o melhor resultado de sempre de candidato único no PSD -, alguns potenciais concorrentes ao lugar de Passos Coelho começaram já a posicionar-se. Como é o caso de Rui Rio: o ex-autarca do Porto já deu conta de que poderia vir a ser candidato à liderança do partido. Mas isso são discussões para 2018, ano de congresso e diretas. Passos Coelho acredita que vai voltar a ser primeiro-ministro: «O país precisa de ter uma abordagem económica e social como aquela que eu proponho», disse à Rádio Renascença.