Em comunicado, o Ministério das Finanças mantém o que Mário Centeno já tinha dito: o negócio só se fará se o Estado não tiver de dar garantias.
"Neste quadro, o Governo sempre destacou que este processo de venda a investidores privados deve assegurar que não existirá impacto nas contas públicas ou encargos para os contribuintes, sendo também importante assegurar que a operação de venda acautele o impacto nas responsabilidades do sistema financeiro para com o Fundo de Resolução, salvaguardando assim a estabilidade do sistema no seu conjunto", lê-se na nota do gabinete de Centeno.
Uma vez que a proposta do fundo americano Lone Star – apontado pelo Banco de Portugal como tendo a melhor proposta – não cumpre este requisito, o Governo mostra-se disponível para negociar, mas sem ceder na possibilidade de a operação vir a ter mais custos para o Estado.
"Assim, o Governo espera que o aprofundamento das negociações que agora se inicia permita concluir com celeridade este processo e que assegure a continuidade estável e duradoura da instituição financeira, com papel muito relevante no financiamento da economia e, em especial, das Pequenas e Médias Empresas", informa o Ministério das Finanças.
Para já, o Governo tem indicação de que os fundos candidatos à compra do Novo Banco estão disponíveis para negociar.
"O Governo toma também boa nota de que o Banco de Portugal considera que as propostas envolvem algumas condicionantes, mas que os potenciais investidores manifestaram desde já disponibilidade para aprofundar as negociações no sentido dessas condicionantes serem ultrapassadas", avança o Ministério de Centeno.
Apesar disso, continua a não estar descartada a hipótese de nacionalização do banco que, de resto, já foi defendida tanto por Francisco Louçã como pelo banqueiro José Maria Ricciardi.
Neste momento, o fundo Lone Star oferece 750 milhões de euros pelo Novo Banco, assumindo perdas no mesmo valor, mas exigindo ao Estado garantias para o negócio.
Centeno não está, contudo, disponível para prestar essas garantias depois de os contribuintes já terem sido chamados a contribuir com cinco mil milhões de euros para garantir o funcionamento do Novo Banco depois da queda do BES.
O fundo Lone Star é conhecido por adquirir empresas e bancos em dificuldades para depois os vender.
Ricciardi chamou-lhe "fundos abutres" e Louçã "filibusteiros".
Em Portugal, a Lone Star adquiriu quatro centros comerciais Dolce Vita e a marina de Vilamoura. Mas na Alemanha, Holanda e Bélgica já comprou e vendeu vários bancos.