O Bloco de Esquerda, o PSD e o PCP apresentaram, esta quinta-feira, requerimentos para debater a “situação do Novo Banco” no Parlamento. À esquerda defendeu-se o controlo público do banco enquanto o PSD relembrou o caso BPN.
A primeira intervenção coube a Mariana Mortágua. A bloquista defendeu a nacionalização do banco, argumentando ser a “única solução que protege o Novo Banco e o país”.
A deputada referiu também que, caso se venda o Novo Banco, “praticamente 70% da banca portuguesa relevante ficará em mãos estrangeiras”. Uma “ideia errada e perigosa”, mas que piora caso seja vendido a “fundos abutre como a Apollo, a Lone Star ou a Fosun”.
Recorde-se que o Banco de Portugal considerou, na semana passada, a Lone Star a entidade mais bem colocada para comprar o banco.
Ainda assim, a bloquista assume “dificuldades e exigências” no processo de nacionalização. “A maior dificuldade está nas pressões da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu”, defendeu.
“A grande exigência está em não repetir a má nacionalização do BPN”, disse Mariana Mortágua, sublinhando que a nacionalização do Novo Banco “exige transparência”. “Todos os dados disponíveis apontam para que a nacionalização seja a opção menos penalizadora para o erário público, com uma vantagem inegável: uma vez pago, o Estado controla o seu banco e pode geri-lo ao longo do tempo”.
Nacionalização, mas não temporária
Também o PCP se mostrou a favor da nacionalização, de modo a defender “os interesses nacionais” e “os trabalhadores”. “A resposta a dar aos problemas financeiros não se encontra na solução que gerou o problema, ou seja, na gestão privada e no alheamento do Estado”, disse o deputado Miguel Tiago
Ainda assim, ressalvou a importância de não se fazer uma “nacionalização temporária”, como foi o caso do BPN. Tal solução, defendeu o deputado, não seria “para o Estado e para os portugueses mais que assumir os prejuízos passados para entregar os lucros futuros”.
O PCP pretende, assim, a integração do Novo Banco “na esfera pública”, para haver uma “valorização a longo prazo” do banco.
“Sempre que o Governo é chamado a agir, age mal”
Para o PSD, nacionalizar o banco seria “andar para trás” e “repetir erros” do passado e recordou o caso do BPN. “Quase nove anos depois, os mesmo governantes socialistas parecem estar a tratar da reposição do filme da nacionalização de um banco”, afirmou o deputado Marco António Costa.
“Sempre que o Governo é chamado a agir, age mal”, afirmou ainda o social-democrata, dando como exemplo a “venda a preço de saldo” do Banif e a “inenarrável novela” da Caixa Geral de Depósitos.
“A aventada hipótese de uma experiência de nacionalização provisória do Novo Banco, seguida de venda a um privado já foi tentada no BPN e custou milhares de milhões aos contribuintes”, defendeu Marco António Costa, sublinhando que cabe ao Governo “com discrição e eficácia gerar condições para a venda do banco, garantindo a salvaguarda dos contribuintes”.