Em Bruxelas, em entrevista à agência Bloomberg, Mário Centeno considerou que «temos um ano que está muito controlado em termos de financiamento» e que mesmo com a alta dos juros a expetativa é que o país se consiga financiar nos mercados e evite recorrer à almofada de segurança «que é grande o suficiente para enfrentar o ano numa posição confortável».
De acordo com o Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP) – entidade que gere a dívida portuguesa – as necessidades de financiamento de Portugal este ano ascendem a 12,4 mil milhões de euros (ME). No final do ano passado, a liquidez do Tesouro era de 10,2 mil ME.
O ministro considera que a «almofada de liquidez apenas existe para inspirar confiança no mercado», ao mesmo tempo que admite que «têm existido um pouco de volatilidade» devido a «algumas incertezas políticas no mundo» e esperando que esta «volatilidade desvaneça».
Antes, o presidente do Eurogrupo alertara que a «volatilidade» nos mercados em relação a Portugal «sublinha a necessidade de acelerar a agenda de reformas e de reforçar os bancos».
Acelerar reformas
Segundo Jeroen Dijsselbloem, a subida dos juros da dívida pública portuguesa – no prazo a dez anos estiveram acima dos 4% toda a semana – «é um sinal dos mercados» para Portugal resolver os seus problemas, uma vez que «não há espaço para complacência com Portugal» e que há «riscos relevantes no médio prazo». Segundo Dijsselbloem, a «volatilidade nos mercados sublinha a necessidade de Portugal acelerar as reformas e fortalecer os bancos» .
Também Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), salientou que os mercados estão «nervosos com o nível da dívida, o setor financeiro e a competitividade» do país, ao mesmo tempo que disse estar «confiante que, se houver uma resposta a estas questões, os mercados irão reagir positivamente».
O ministro das Finanças reconheceu que há «muitos desafios» e que aguarda uma «decisão positiva» sobre o encerramento, pela Comissão Europeia, do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), que permitirá que os mercados adoptem uma posição diferente sobre Portugal.
«Temos de trabalhar e o esforço que temos feito, em todos os processos que tivemos com a Comissão Europeia e com as instituições, foi muito determinado no sentido de ter um resultado positivo. Segundo Mário Centeno, «este é mais um passo importante, criámos todas as condições, do ponto de vista das contas públicas, para que isso aconteça»,
Para a Comissão Europeia propor o encerramento do PDE a Portugal, tem de concluir que o défice excessivo foi corrigido de forma duradoura e sustentável, o que pressupõe que o défice seja inferior a 3% do Produto Interno Bruto em 2017.