O deputado independente da bancada do PS escreve num artigo de opinião no Observador que o PSD e o CDS não estão interessados em apurar o que aconteceu para a Caixa Geral de Depósitos, mas apenas em usar as comissões de inquérito como “uma arma de guerrilha política”.
“Se provas adicionais fossem necessárias que as CPI estão a ser utilizadas, e desqualificadas, por PSD/CDS como armas de arremesso político contra o governo e Mário Centeno – o melhor ministro das Finanças da democracia portuguesa (e não é pelo défice que o afirmo) – elas aqui estão”, diz Trigo Pereira antes de elencar os últimos episódios de uma comissão que já viu o seu presidente José Matos Correia demitir-se e que, acredita o socialista, só ainda não acabou com a saída do PSD porque “o CDS não lhe fez a vontade e disse que continuaria”.
Comissão de inquérito às offshores seria “irresponsável”
“Porém, como não é nem a CGD que interessa, nem os resultados económicos e orçamentais do país, mas antes saber aquilo que toda a gente já sabe da novela Domingues-Centeno aqui vai mais uma comissão de inquérito à contratação e demissão de A. Domingues”, ataca Paulo Trigo Pereira, que acha que “se os partidos da esquerda adotassem a mesma atitude irresponsável criariam agora uma comissão de inquérito para apurar as razões (e as consequências) da atitude do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais Paulo Núncio e respetivos ministros, de não divulgarem as transferências para offshores”.
“O papel da Assembleia da República é, entre outras coisas, fiscalizar, e para isso faz audições. Por isso Paulo Núncio e Rocha Andrade serão ouvidos amanhã. Seria tão ridículo criar uma CPI para as offshores como é para avaliar a contratação-demissão de Domingues”, argumenta, que conclui com um apelo a um boicote de esquerda à nova comissão de inquérito proposta potestativamente pelo PSD.
“Do mesmo modo que Charles Kennedy considerou que os Liberais Democratas não deveriam participar na CPI da Guerra do Iraque, porque não abordava as questões essenciais da decisão da guerra, considero que PS, Bloco e PCP deveriam ter a coragem de fazer abortar à nascença esta nova anunciada CPI. Seria tudo legal, não baixava mais a confiança no parlamento (já muito baixa) e estou certo que os portugueses agradeceriam”, garante o deputado do PS.