"Sócrates em 2008 também dizia isso. De cada vez que o senhor primeiro-ministro usa o mesmo argumento a minha preocupação vai crescendo exponencialmente", afirmou Assunção Cristas, que veio ao debate quinzenal pedir explicações a António Costa sobre os números da economia.
Cristas citou as contas do INE publicadas no dia 3 deste mês que mostram que o investimento recuou 0,3% e le,mbrou que "hoje houve uma emissão a 9 anos e a emissão levou a juros de quase 4%, quando em agosto a emissão tinha sido de 3%".
"Como é que isto encaixa na sua visão cor de rosa de Portugal?", questionou Assunção Cristas, que ouviu António Costa retorquir com números que o primeiro-ministro garante que "não mentem".
"O investimento no ano passado esteve sempre a aumentar", garantiu Costa, assegurando que "quer o investimento nacional quer o estrangeiro estiveram sempre a aumentar" no ano passado.
Para o primeiro-ministro, "os dados sobre criação de emprego e sobre importação de máquinas demonstram bem que as empresas estão a investir". E essa é uma tendência que Costa acredita que se irá manter porque este ano o Governo irá disponibilizar mais de mil milhões de euros do Programa Portugal 2020 "para ajudar as empresas".
De resto, António Costa deu os exemplos da Siemens, da Bosh, da Volkswagen e da Renault. "Todas têm estado a aumentar o seu investimento, criando novas linhas e novos produtos", frisou Costa.
Costa assegura que "as taxas de juro têm estado sempre a aumentar", numa tendência internacional e que o que o Governo tem de fazer é "manter a trajetória", garantindo a continuação "do melhor défice da nossa História democrática".
"Temos razões para estar atentos, mas confiantes nas condições do país para pagar e gerir a sua dívida pública", concluiu António Costa, numa argumentação que não convenceu a líder do CDS.
"Foi menos, não foi mais", insistiu Cristas sobre os dados do investimento.
"Ou vem dizer que o INE está enganado ou errado ou então tem de explicar as coisas melhores. Eu espero que o investimento retome, mas fico muito preocupada", afirmou Assunção Cristas.
"A dívida não está muito bem, vinha numa trajetória descendente e aumentou no seu Governo", continuou a líder centrista, que não se convence com o argumento de que as taxas de juro estão a subir em toda a Europa, uma vez que a diferença entre o que Portugal e Espanha pagam para se financiar nos mercados tem vindo a aumentar.
"Agora distamos 2 pontos de Espanha", sinalizou Cristas, que diz que o que "aconteceu é um Governo seu que não dá confiança aos mercados".