Neles, não há nenhuma referência ao Estado Social, nota a bloquista, que acha perigosa a forma como apenas o discurso securitário parece unir os líderes europeus. "A Europa rendeu-se a Trump", conclui.
"Ninguém leva a sério as promessas de renascimento da Europa, pois não?", começou por perguntar Catarina Martins no início do debate de preparação para o próximo Concelho Europeu no qual estará em cima da mesa o Livro Branco da Europa, com soluções para o que deve ser o futuro da União Europeia.
Catarina Martins acha que a forma como a discussão está a ser feita por Bruxelas não faz sentido. A líder do BE acha que Jean-Claude Juncker viu que há um problema no motor "e resolveu olhar para a caixa de velocidades".
"Velocidades para onde?", questiona-se Catarina, que vê contradições na forma como se tem feito o debate, mesmo internamente.
"Num dia o ministro Centeno diz que nunca aceitará uma Europa a duas velocidades e no outro o senhor primeiro-ministro diz que Portugal quer ficar no pelotão da frente", aponta Catarina Martins, que acha que "a Europa se prepara para acabar com os fundos de coesão".
"É formalmente o anúncio da Europa da divergência", considera, defendendo que hoje é só o discurso securitário que consegue unir os líderes europeus.
"A Europa rendeu-se ao discurso de Donald Trump", aponta a líder do BE, que denuncia a forma como está a ser gerida a crise humanitária dos refugiados.
Para Catarina Martins, o que esta Europa "quer é mandar embora todos os refugiados e refugiadas que fogem da guerra", o que é completamente contrário ao projeto europeu que nasceu no pós-Guerra como um projeto de paz.
"É a maior vergonha e é a maior desintegração de qualquer projeto de paz da Europa", nota a coordenadora do BE, que considera que "a ideia da convergência não existe, morreu".
Catarina Martins questiona-se "onde é que há crescimento" se se prepara o fim dos fundos de coesão ao mesmo tempo que se impõe as regras orçamentais da austeridade.
"Ficar no pelotão da frente significou para Portugal empobrecimento", aponta Catarina Martins, que acha que neste caso correr para a frente "é espalharmo-nos ao comprido".
"Quando a Europa corre para o abismo queremos mesmo ir à frente?", pergunta.