Os líderes da Rússia e Turquia encontraram-se esta sexta-feira em Moscovo, numa nova demonstração de que os dois presidentes estão dispostos a reforçar a sua recém-encontrada aliança contra a oposição liberal da União Europeia e Estados Unidos, apesar das divergências em matérias de influência militar, regional e sem dar atenção aos lados opostos que apoiam na guerra síria.
Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin discutiram novos projetos de investimento e, sobretudo, a situação na Síria, onde os dois países fazem agora parte da frente diplomática (com o Irão) que tenta encontrar uma resolução política para o conflito, quase seis anos e meio milhão de mortos depois. Putin disse estar "cautelosamente otimista" por um fim breve para a guerra, segundo a Al Jazira.
O teor da conversa em privado entre os dois líderes não foi revelado, mas, na conferência de imprensa que se seguiu ao encontro, ambos elogiaram a cooperação entre os dois países – Putin em nome do ditador sírio Bashar al-Assad, Erdogan em nome de rebeldes como Exército Livre da Síria – que, dizem, tem sido a chave para preservar a relativa paz dos últimos meses.
“Devido à ação contínua da Turquia e Rússia, conseguimos juntar as forças rivais e, devido ao nosso esforço, o cessar-fogo sírio persiste”, disse Putin aos repórteres, referindo-se aos encontros indiretos da oposição e regime em Genebra, e ás reuniões entre Turquia, Rússia e Irão em Astana, no Cazaquistão, onde o esforço tripartido se tem reunido. “Todas as partes têm de trabalhar em conjunto em nome de uma boa resolução”, disse, por sua vez, Erdogan.
No final de dezembro, depois da queda de Alepo para as mãos do regime – a grande jogada russa e síria, que garante que Assad permanecerá no poder e tem controlo sobre grande parte do país nas negociações – Turquia, Irão e Rússia negociaram uma trégua para prepararem negociações ao mais alto nível. A calma tem altos e baixos, os bombardeamentos e combates continuam, mas, comparando com os piores períodos do conflito, o apaziguamento existe.