Foi só no final de um longo discurso no Conselho Nacional do PSD que Pedro Passos Coelho trouxe o assunto das autárquicas para uma sala em lotação esgotada num hotel no centro de Lisboa. Numa reunião que não servirá para votar os candidatos, o líder social-democrata preferiu arrancar com a análise política à Europa no rescaldo das eleições holandesas e com o ataque ao Governo pela forma como está a gerir com "cinismo poiticamente inaceitável" o dossiê da CGD. Aquele que é o tema mais quente para as hostes sociais-democratas ficou para o fim, mas com a garantia de que Passos quer mesmo ganhar as eleições.
"Partimos para as eleições para as ganhar. Não alterámos o nosso objetivo", garantiu Passos Coelho, que se diz satisfeito com a forma como decorreu a escolha dos candidatos autárquicos e que acha mesmo que nos nomes indicados para Lisboa e Porto não podiam ser melhores.
"De um modo geral, as candidaturas que nós fechámos são boas candidaturas", defendeu o líder do PSD.
"É amplamente visível que conseguimos no Porto uma boa candidatura", disse, numa alusão ao independente Álvaro Santos Almeida, que tem sido criticado por ser um quase desconhecido na cidade.
"E não podíamos ter escolhido de forma mais intensa e mais forte para Lisboa uma candidatura do que a da dra. Teresa Leal Coelho", vincou, lembrando que se trata de uma das suas vice-presidentes.
"Trate-se do concelho mais pequeno ou do concelho de maior dimensão urbana fazemos escolhas para ganhar", garantiu o líder do PSD, sublinhando a ideia de que "não há eleições ganhas à partida".
Processo só fica concluído em meados de abril
Pedro Passos Coelho tinha estabelecido o final do mês de março como o limite para encerrar o processo autárquico. Mas agora, com apenas "15 ou 20 casos" por fechar, admite que só haverá candidaturas fechadas para os 308 concelhos em meados de abril.
De qualquer forma, Passos Coelho considera que o PSD conseguiu já "um avanço significativo em todo esse processo de preparação das autárquicas" e que não há motivo para nervosismos nesta matéria.
"Não há nenhuma razão para que no PSD possamos estar intranquilos com o processo autárquico", afirmou Passos, que acha "relevante é que possamos estar a 100% envolvidos neste processo muito importante para a nova geração autárquica que se abre com este novo ciclo autárquico".
Passos diz que não vai amuar com resultado das eleições
Aquilo em que Passos não acredita é em resultados determinados à partida.
"Há pessoas que têm o convencimento de advinharem o resultado das eleições", ironizou com um recado para quem se acha já certo do resultado.
"Eu gostava de dizer a todos, aos de dentro e aos de fora, que estamos nestas eleições com os dois pés assentes na terra, fizemos boas escolhas e por isso estamos convencidos de que iremos ter um bom resultado eleitoral", afirmou, afastando a ideia de que uma derrota o possa fazer bater com a porta.
"Não somos daqueles que amuam ou fazem fitas", garantiu, explicando que não tenciona mudar um milímetro à forma como faz oposição.
"Prefiro receber a crítica de que mudámos pouco do Governo para a oposição por sermos coerentes do que se nos estivessem a apontar o dedo por sermos uns troca tintas", assegura, explicando que "o facto de estarmos a oposição não nos obriga a pensar de forma diferente".