Não vai ser fácil para Marco Almeida fazer campanha em Sintra. O PSD está divido em relação ao seu apoio, mas as resistências são igualmente fortes no CDS.
“Vamos fazer-nos de mortos na campanha”, anuncia ao i uma fonte da concelhia centrista, explicando que a participação nas ações de Marco Almeida vão ser feitas em modo de serviços mínimos. “Vai às ações quem está na lista de cada freguesia e mais nada”, acrescenta a mesma fonte, que descreve as últimas reuniões entre a distrital e a concelhia como tensas.
Numa das últimas, o líder da distrital de Lisboa do CDS, João Gonçalves Pereira, propôs a realização de um almoço de apoio ao candidato independente. Mas os elementos da concelhia não querem participar numa iniciativa de apoio a um candidato que chumbaram. “Não vamos ajudar a organizar nada”, assegura uma fonte da estrutura local.
Também difícil será a construção das listas. A distrital gostaria de receber da concelhia listas de nomes possíveis, mas na estrutura local não se quer dar hipótese de escolha. “Indicamos um nome para cada sítio”, anuncia a mesma fonte.
Uma estratégia em que os membros da concelhia não vão alinhar é no endurecimento da oposição a Basílio Horta na Assembleia Municipal e nas assembleias das Juntas de Freguesia – os únicos locais do concelho onde há centristas eleitos. “Cada um vai continuar a votar de acordo com a sua consciência”, avisa o membro da concelhia.
Um dos problemas tem que ver com a forma como a concelhia entende ter sido imposto o nome de Marco Almeida. Há quatro anos, a concelhia centrista de Sintra queria apoiar Almeida, que tinha saído do PSD para se candidatar como independente, mas Paulo Portas travou o apoio ao dissidente social-democrata, numa altura em que o CDS estava no Governo em coligação com o PSD.
Agora, Marco Almeida – que teve mais votos do o então candidato social-democrata, Pedro Pinto – vai contar com o apoio do PSD, apesar da resistência na concelhia social-democrata, mas os centristas de Sintra acreditam que essa não é a melhor opção, numa altura em que muitos defendem que o CDS deve afirmar a sua autonomia em relação ao PSD.
Assunção tentou acalmar os ânimos
A divergência valeu a demissão do presidente da concelhia de Sintra do CDS, Silvino Rodrigues, estando agora a estrutura sem direção, uma vez que a direção nacional decidiu não convocar eleições antes das autárquicas.
A turbulência é tanta que no início do mês, Assunção Cristas decidiu mesmo ir a uma reunião da concelhia para falar com os militantes. Na reunião houve quem criticasse a estratégia de uma coligação com o PSD numa altura em que o partido se deveria estar a diferenciar, lembrando que o CDS já foi um grande partido autárquico com mais de três dezenas de municípios nas primeiras eleições autárquicas e que hoje tem apenas cinco câmaras em todo o país.
Mas a intervenção de Cristas não convenceu. A tal ponto que esta segunda-feira caiu mal a visita da líder centrista a uma unidade de cuidados continuados em Algueirão. “Sendo candidata a Lisboa, ninguém percebeu o que veio fazer cá”, comenta ao i um centrista de Sintra, apesar de Assunção ter feito esta visita enquanto líder do CDS com uma mensagem sobre os cortes no investimento público e não como candidata autárquica.
Distrital diz que concelhia já não existe
João Gonçalves Pereira desmente qualquer mal-estar com os militantes de Sintra.
"A concelhia é uma coisa que já não existe. Demitiram-se. O que existe são seis presidentes de núcleo, com os quais estamos a trabalhar", assegura ao i João Goncalves Pereira.
"Os seis presidentes de núcleo estão com a candidatura", afiança Gonçalves Pereira. "Não há guerra total. Há paz total", afirma o líder da distrital de Lisboa.
"O clima dos núcleos para comigo é o melhor possível", confirma José Ribeiro e Castro, cabeça de lista pelo CDS à Assembleia Municipal com a candidatura de Marco Almeida.
José Ribeiro e Castro nega, aliás, que a presença de Cristas em Algueirão esta segunda-feira tenha gerado mal-estar.
"A presidente do partido foi muito bem recebida. Estava a vereadora Paula Simões, é uma área que a presidente do partido tem acompanhado, e estavam dois presidentes dos núcleos", assegura Ribeiro e Castro.
"Há pessoas que queriam fazer o frete. E as fontes que falam do i revelam bem isso. E perderam totalmente. Não têm um milímetro de espaço no CDS", afirma Ribeiro e Castro, que assegura que "o CDS não será muleta do PS em Sintra".