Os eurodeputados do PS só veem vantagens em ter o ministro das Finanças português como presidente do Eurogrupo. Ao contrário do Presidente da República, que comentou essa possibilidade como uma “má solução para Portugal”, os socialistas julgam que Mário Centeno deve ponderar bem se vier a existir um convite para ocupar este cargo.
Francisco Assis foi o primeiro a assumir que existem “vantagens na ascensão de uma personalidade como Mário Centeno à presidência do Eurogrupo”. O socialista considera que o ministro das Finanças “seria ainda mais útil a Portugal”.
Ao i, Ana Gomes confessa que não vê com “maus olhos” a possibilidade de Centeno aceitar a presidência do Eurogrupo. “Se olharmos para a defesa dos interesses portugueses, não tenho dúvidas de que eles podem ser mais bem defendidos e explicados se o nosso ministro das Finanças for também presidente do Eurogrupo.”
O eurodeputado socialista Manuel dos Santos também não tem dúvidas de que “seria bom para Portugal ter a presidência do Eurogrupo e isso não implicava nada com o exercício das funções de ministro das Finanças em Portugal”.
O socialista está, porém, convicto de que a questão não se vai colocar nos próximos meses, porque Jeroen Dijsselbloem “só vai sair no fim do mandato”. Manuel dos Santos, em declarações ao i, garante mesmo que nunca ouviu falar da hipótese de Centeno ser convidado para o lugar do holandês. “É um facto político criado artificialmente. Nunca ouvi falar.”
“Não é invenção”
A ideia de que é “pouco credível” o ministro português ter sido sondado foi lançada por Marques Mendes. Ana Gomes garante “não é invenção nenhuma” e “não é nada improvável que aconteça”.
O primeiro-ministro confirmou, em entrevista à Renascença, que “foi feita uma sondagem nesse sentido”, mas que essa não é uma “prioridade” do governo. António Costa defendeu que “nesta fase é útil o ministro das Finanças ter uma margem de liberdade maior de movimentação no quadro do Eurogrupo”.
Carlos Zorrinho compreende a posição de Marcelo e Costa, mas não deixa de admitir que é uma questão que merece ponderação se vier a colocar-se noutras circunstâncias. “A hipótese em si já trouxe credibilidade. Não tendo de ser dada uma resposta já, é algo que na altura se deve ponderar. A resposta tem de ser dada perante os factos que existirem nesse momento e não com agitações que se possam estar a fazer agora.”
Governo não exclui
O governo ainda não fechou a porta a que Centeno possa aceitar este convite, de acordo com o jornal “Público”. A decisão do governo está dependente do momento em que a questão se vier a colocar. Ainda não é certo quando é que Dijsselbloem deixará o cargo e o tempo pode jogar a favor de Centeno.
A possibilidade de o ministro português substituir Dijsselbloem foi, porém, rejeitada pelo Presidente da República. “Seria uma má solução para Portugal, porque o ministro das Finanças faz falta em Portugal, com o devido respeito que há pela presidência do Eurogrupo.”
Ao contrário de Belém, o líder do PSD acha “muitíssimo bem para Portugal que isso possa ser uma candidatura assumida pelo próprio governo”. Passos Coelho defendeu que “é sempre prestigiante para Portugal poder ter em lugares de destaque pessoas que tenham o reconhecimento público que é exigido para a escolha deste tipo de lugares”.
O primeiro-ministro voltou ontem a criticar as declarações de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do sul da Europa. “Claro que devia abandonar o cargo. As palavras são insuportáveis, mas temos de continuar a trabalhar no que é essencial”, disse António Costa numa entrevista à Rádio Nacional de Espanha.“Não tenho dúvidas de que os interesses de Portugal podem ser mais bem defendidos se Mário Centeno for também presidente do Eurogrupo”