Acusação a Sócrates já tem data marcada

Os investigadores da Operação Marquês deram finalmente à procuradora-geral da República uma data para a entrega da acusação a José Sócrates e aos outros 27 arguidos: 30 de junho. Assim, termina a discussão que se tem arrastado nos últimos meses sobre o atraso da acusação – e simultaneamente confirma-se que Sócrates vai ser mesmo acusado.

Recorde-se que em meados de março, prazo-limite inicialmente estabelecido por Joana Marques Vidal, os investigadores pediram mais tempo para a acusação, argumentando com a necessidade de fazer algumas diligências e com a falta de resposta a cartas rogatórias enviadas para o estrangeiro, designadamente a Suíça.

A 17 de março, a procuradora aceitou o pedido, não marcando nova data mas antes estabelecendo que, em fins de Abril, o diretor do DCIAP, Amadeu Guerra, faria um ponto da situação com vista a determinar «qual o prazo admissível para a emissão de um despacho final». Antes daquela data, porém, a investigação estabeleceu um prazo para a entrega – que, segundo o SOL apurou junto de fontes ligadas ao processo, até pode ser ligeiramente antecipado.

170 testemunhas e 260 buscas

No documento de março da procuradora-geral, lia-se que «a análise financeira revela-se de enorme complexidade, não só porque envolve um período temporal de vários anos, com a repartição de fundos em, pelo menos, seis instituições bancárias distintas e por dezenas de diferentes contas, mas também porque se mostram desenvolvidas operações complexas, com saídas e retornos de fundos às mesmas contas, montagens de aplicações com elevada complexidade e levantamentos em numerário por caixa».

Joana Marques Vidal dava ainda conta de que tinham sido efetuadas mais de 260 buscas, inquiridas cerca de 170 testemunhas, autorizadas e transcritas mais de 2600 escutas e enviadas nove cartas rogatórias para vários países.

Refira-se que o processo tem 91 volumes e 452 apensos, e reúne uma extensa prova documental e digital, da qual fazem parte mais de três mil documentos em suporte de papel e 13,5 milhões de ficheiros informáticos. Um verdadeiro monumento jurídico.