Rodrigo Gonçalves não é o primeiro a defender a realização de eleições primárias no PSD. Mas é mais uma voz a defender a ideia de que os líderes do partido devem ser escolhidos num processo aberto a não militantes. Depois de a eleição em congresso por delegados ter sido substituída por eleições primárias em que todos os militantes podem votar, vem aí uma nova evolução?
"O futuro é algo que não devemos temer. O futuro, pode até ser incerto, mas é inevitável", defende Rodrigo Gonçalves, que vê nas primárias uma forma de aproximar os cidadãos dos eleitos.
"Numa altura em que as sondagens revelam um afastamento do eleitorado e principalmente numa fase em que é necessário voltar a falar para as pessoas dando-lhes esperança e apresentando uma alternativa, a solução é a adoção de uma estratégia de estímulo da cidadania", defende o dirigente social-democrata, que acha que as primárias podem ser "uma estratégia que promova a aproximação dos cidadãos da política".
Com uma forte influência no aparelho do partido em Lisboa, Rodrigo Gonçalves defende no seu artigo de opinião no i que é natural que haja "resistência de algumas estruturas internas e principalmente daqueles que constituem o status quo", mas entende que isso não deve travar um processo que considera ser o futuro dos partidos.
"Esta é uma reflexão que deve começar a ser feita dentro do PSD, sem tabus e com a coragem de quem quer ver o PSD voltar a dirigir os destinos do País. O sectarismo, que cria limitações e barreiras à abertura à sociedade civil, pode ser o maior inimigo desta reforma", afirma, usando uma argumentação em linha com que usou Miguel Relvas há cerca de um mês num seminário em Brasília.
Relvas defendeu que o sistema que ajudou António Costa a chegar à liderança do PS foi “um passo para a modernidade partidária que merece um elogio".
“Acredito pessoalmente que muitos outros partidos serão futuramente pressionados para também mudarem, incluindo meu”, disse na altura Relvas, outro dos homens do aparelho do PSD.