A ideia de fazer primárias no PSD foi lançada por Miguel Relvas quase ao mesmo tempo que apresentou Luís Montenegro como “um dos rostos com futuro” no partido, mas o líder parlamentar não apoia a proposta do ex-ministro de Passos.
Montenegro garantiu, num encontro de jovens autarcas promovido pela JSD, que nunca foi “um grande adepto” das eleições primárias. “Creio que o PSD não precisa de legitimar as suas lideranças por essa via. Não há no panorama político e partidário português essa tradição e a experiência que houve no Partido Socialista foi um perfeito fracasso (…) Sou contra essa ideia”, afirmou o líder parlamentar do PSD.
A ideia tem sido defendida por Miguel Relvas. O ex-ministro de Passos Coelho defendeu, em declarações ao “Expresso”, que “está na hora” de o PSD “encarar este debate sobre as primárias”. Relvas – que foi um dos ministros mais contestados no governo de Passos e apresentou a demissão devido à polémica com a sua licenciatura – quer lançar este debate a seguir às autárquicas. “Entre outubro e março temos seis meses para fazer um debate em todo o país com a participação dos militantes, com a vantagem até de compensar eventuais situações menos agradáveis nas autárquicas”, disse.
A ideia de realizar primárias no PSD, à semelhança do que aconteceu no PS com as eleições entre António Costa e António José Seguro, foi lançada na mesma altura em que declarou que Luís Montenegro “é incontestavelmente um dos rostos do futuro do PSD”. No almoço do International Club of Portugal, na quinta-feira, em que Luís Montenegro foi o orador convidado, Relvas defendeu que o PSD tem de “virar a página e apresentar um projeto alternativo”.
Montenegro com Passos Montenegro é um dos nomes apontados para disputar a liderança do partido, mas o líder parlamentar garante que está ao lado de Passos. “A minha posição também é conhecida: apoio o Dr. Pedro Passos Coelho e quero com ele construir um caminho de afirmação política do PSD, que tem como objetivo vencer as terceiras eleições legislativas consecutivas e podermos dar ao país uma governação bem mais ambiciosa do que aquela que temos hoje”.
O PSD tem um congresso uns meses depois das eleições autárquicas. O ex-presidente da Câmara do Porto Rui Rio foi até agora o único militante do partido a admitir que poderá ser candidato contra o atual líder do partido.